Craque em produzir factoides em seu próprio benefício, o ministro do STF Luiz Fux afirmou que o candidato que recorrer a fake news será barrado pela Justiça Eleitoral. Ele garante que o responsável por espalhar falsas notícias terá a candidatura cassada. Não explicou, porém, como os doutores de toga pretendem descobrir se as mensagens de campanha do postulante são verdadeiras ou não.
A fala do ministro, mais uma vez, joga para a arquibancada e serve, de novo, para reforçar o Judiciário como protagonista no jogo das eleições. Em junho passado, o Tribunal Superior Eleitoral determinou a retirada de notícias da internet sobre a candidata Marina Silva. Seriam informações falsas que, segundo o TSE, ofendiam a honra de Marina. A ação foi movida pela presidenciável e seu partido.
A decisão gerou controvérsia. É que ninguém pode garantir, com rapidez e precisão, quando estamos diante de uma reportagem comprovadamente mentirosa. Depois que a expressão fake news entrou para o vocabulário da crônica política, todo mundo se diz vítima de alguma notícia inverídica. Virou estratégia de defesa para rebater qualquer dado que incomode o candidato. E aí é conflito.
Como já escrevi aqui, o apetite voraz de Fux e outras trepeças sobre a imprensa tem tudo para resultar em censura. Nesses casos, o alvo principal serão os sites que não integram os grandes veículos de comunicação do país. Assim, corremos o risco da mordaça interditar visões alternativas sobre os políticos e os temas de campanha. Na verdade, o TSE não tem como resolver a parada.
Enquanto isso, a corrida para presidente vai ganhando novos contornos, principalmente depois das últimas pesquisas e dos dois debates que já ocorreram neste primeiro turno. Uma evidente consequência dessa nova etapa é a postura de Jair Bolsonaro. Vendo que a coisa não é tão simples quanto soltar disparates ou apertar o gatilho de um 38, o candidato quer fugir dos próximos debates.
Leio na imprensa que os animais no comando da candidatura alegam ser inútil debater com os demais concorrentes. Segundo a tropa de Bolsonaro, nesses encontros, os candidatos são “nivelados por baixo”. Como esse guru da “nova direita” pratica uma política de alto nível, ele não quer mais participar. Terá de fazer malabarismo para explicar que não está morrendo de medo.
O problema de Bolsonaro é que ele tomou uma enquadrada de Marina Silva no último debate, realizado na Rede TV. O episódio repercutiu fortemente contra sua candidatura. Sem argumentos para reagir à altura, diante de uma mulher, o capitão afinou, a valentia evaporou.
O caso nos faz pensar o quanto a televisão continuará sendo decisiva nas eleições. A propaganda na TV ainda nem começou, e Bolsonaro já percebeu que sua horda de celerados nas redes sociais pode fazer barulho, mas está longe de ser o suficiente para lhe garantir os votos necessários.
Finalmente, que “mito” é esse com trejeito de covardia na hora de encarar o adversário?