Não sabemos nada sobre como se armou a coligação que apresenta Fernando Collor para candidato a governador de Alagoas; no máximo, temos explicações protocolares. Até o anúncio da candidatura, não li sequer uma especulação sobre eventual aliança entre o senador e o tucanato estadual. Mesmo com tantos craques em nossa imprensa, tenho a impressão de que ninguém cantou essa bola.

Uma candidatura de Collor, sim, estava dentro das possibilidades normais. Mas tendo um nome do PSDB como vice, e com o forte apoio do prefeito de Maceió, aí não. Por fora dos bastidores da política, para mim foi algo pra lá de inesperado. Lembro que o próprio Rui Palmeira seria o candidato da oposição para enfrentar Renan Filho, mas ele preferiu cumprir o segundo mandato até o fim.

Com sete partidos coligados, além do PSDB também se juntaram a Collor o PP de Benedito de Lira e o DEM de Thomaz Nonô. Suponho que estas siglas (e seus caciques) jogaram papel decisivo para um acordo que, até ontem, não aparecia como possível. Conhecido o desfecho, pintaram as reações de alguns insatisfeitos, precisamente o deputado Rodrigo Cunha e o ex-governador Téo Vilela.

A situação de Cunha é a mais inusitada. Após a desistência de Rui na disputa ao governo, o deputado era o nome virtualmente escolhido, mas ele também pulou fora da briga, optando por tentar uma cadeira de senador. Pelo visto, tocará a campanha fantasiado de rebelde sem causa.  

Também não vi, até agora, nenhuma declaração de Thomaz Nonô sobre o candidato a governador apoiado por seu partido. O dono do DEM alagoano tem uma história de tapas e beijos com Collor. A situação de hoje, no entanto, não é inédita entre ambos. Já se abraçaram nos palanques da vida.

Em 2002, Nonô pediu votos para Collor na disputa pelo governo. Naquele ano, o então governador Ronaldo Lessa ganhou a disputa e se reelegeu. A relação se estremeceu, outra vez, quatro anos depois, quando Nonô foi candidato ao Senado em 2006. Fernando Collor levou a única vaga em jogo.

Já o ex-governador Téo Vilela também deu sinais de acabrunhamento com a aliança de seu partido. Se entendi bem o que foi publicado por aí, o tucano se nega a fazer campanha para Collor e já declarou que seu voto não será do candidato. É outro com discurso de rebeldia meio fantasioso.

Enquanto isso, aparentemente alheio à encenação de seus partidários, Rui Palmeira entra com tudo na campanha de Collor. Já segue o candidato em caminhadas pelas ruas, distribuindo abraços, apertos de mão, sorrisos e promessas. E esta é a maior novidade das eleições em Alagoas.