O primeiro debate com candidatos a presidente da República ocorre na quinta-feira (09) na Rede Bandeirantes. Será o primeiro confronto direto entre os que se apresentam para governar o país. O que todos se perguntam é que impacto pode ter na campanha um evento como esse em tempos de decadência da TV e soberania da Internet. Há quem defenda que o debate ainda pode ser crucial.
Até agora houve sabatinas e entrevistas pra todo lado. Os candidatos tiveram de enfrentar perguntas dos mais variados tipos, por entrevistadores também os mais diversos. Será curioso vê-los no embate com os adversários na corrida eleitoral, sendo confrontados nos pontos que mais incomodam a cada um deles. É a hora também, não se deve esquercer, da encenação por marqueteiros e coisas assim.
Uma lenda urbana diz que o debate pode não servir para dar votos a ninguém, mas certamente é capaz de desidratar as preferências por um nome que eventualmente tenha desempenho ruim. No que falaram até agora, é possível constatar a repetição não apenas de algumas ideias, mas também da forma como os candidatos expressam aquilo que defendem. Ou seja, há algumas receitas.
Precisamos de um Estado eficiente, que tenha qualidade na aplicação dos impostos, que dê prioridade às demandas essenciais da sociedade na hora de decidir investimentos. Quem disse isso que acabo de escrever? Todos. A linguagem é um dos enigmas na eleição. O discurso, da direita à esquerda, se vale de clichês e platitudes que nada esclarecem sobre as propostas e as intenções.
Treinados por equipes preocupadas em protegê-los, os candidatos apresentam falas homogêneas, de preferência longe de afirmativas que signifiquem compromissos arrojados. O medo de uma bola fora transforma todos em robôs que repetem fórmulas retóricas. O desafio é furar o bloqueio geral.
Não é fácil. Por isso mesmo, não raras vezes, elegemos alguém com um discurso que, mal começa o mandato, vai na direção contrária da campanha. E aí aparecem as primeiras surpresas. Somente no cargo o palavreado de soluções mágicas para tudo dá lugar ao vazio de ideias.
O artigo mais raro na política é a verdade. Numa campanha eleitoral, isso alcança dimensões desmedidas. Ao eleitorado cabe a tarefa descomunal – verdadeira façanha – de tentar enxergar além da dissimulação generalizada. Talvez os debates sejam ainda as melhores oportunidades.
Não sabemos quando as emissoras de TV pretendem realizar debates entre os candidatos que pedem voto para governar Alagoas. Enquanto isso, eles falam sem parar, nas onipresentes redes sociais. Mas aí, não tenhamos ilusões, há de tudo, menos uma vírgula de verdade. Essa é a regra.