A história das eleições nos últimos vinte anos em Alagoas me faz bancar a hipótese do título deste artigo. De 1998 para cá, foram cinco disputas pelo governo e, desse conjunto, somente uma vez, em 2010, a contenda foi ao segundo turno; nas outras quatro, o vencedor saiu ainda na primeira rodada. É uma consequência natural de toda eleição polarizada, com apenas dois nomes fortes.    

Quando dois postulantes concentram a preferência do eleitorado, aquele que se desgarrar um pouquinho tem tudo para resolver a parada sem necessidade de um segundo turno. Como os outros candidatos não decolam, é mais provável que o primeiro colocado obtenha índice superior à soma de votos de todos os demais. E aí, mesmo com boa votação para o segundo lugar, acabou a eleição.

Mas, como eu falei de História, vamos lembrar o que houve, em duas décadas, nas batalhas pelo governo estadual. Em 1998, Ronaldo Lessa se elegeu para comandar o estado ao derrotar Manoel Gomes de Barros, então titular da cadeira. Levou no primeiro turno. Quatro anos depois, Lessa renova o mandato, derrotando Fernando Collor, também no primeiro turno. Foi assim o cenário de 2002.

Chegamos a 2006 com nova briga polarizada, agora entre Teotonio Vilela Filho e João Lyra. Resultado: o tucano se consagrou nas urnas sem precisar de um segundo turno. Aí vem a exceção nesse percurso. Em 2010, tivemos um segundo turno entre Téo Vilela (que venceu) e Ronaldo Lessa. E isso só ocorreu porque Fernando Collor, também candidato, dividia os votos no primeiro turno.

Já em 2014, voltamos ao cenário que tem sido a regra. Eleição polarizada, Renan Filho derrotou Benedito de Lira, único rival que o ameaçava nas urnas. É matemática pura. Nanicos não têm voto; assim, ninguém aparece, como terceiro lugar, colado naquele que é o segundo colocado.

Sem querer ser redundante, a tradição desses vinte anos tem sido assim: ficam dois candidatos disparados lá no topo – e todos os demais espremidos lá atrás, somando quase nada de votos. Reparem que, com quatro candidatos agora em 2018, estamos vendo a reedição de uma tendência.

Com Fernando Collor e Renan Filho brigando virtualmente sozinhos pelo eleitorado alagoano, pode apostar que a eleição começa e acaba em 7 de outubro. Não teremos segundo turno. Essa é uma característica que faz da campanha uma jornada tão intensa quanto perigosa. Um vacilo, e já era.