Acabou a maré mansa para o governador Renan Filho. Candidato à reeleição pelo seu MDB, ele sabe que agora tem adversário que precisa ser levado a sério na campanha. Até hoje, todos davam a eleição como virtualmente resolvida. Renanzinho esperava contar com o mesmo cenário dos sonhos de quatro anos atrás, quando, sem concorrente pra valer, garantiu a vitória ainda no primeiro turno.

E o primeiro a acusar o golpe foi o próprio governador, como o leitor pode conferir em texto e vídeo publicados aqui pelo CADAMINUTO. Na convenção de lançamento de sua candidatura, Renan Filho disse o seguinte sobre Collor candidato: “Para ele, a vaidade pessoal suplanta o interesse do povo alagoano”. Ele não reagiria com um ataque tão direto se o novo rival fosse um irrelevante.

As palavras do atual mandatário também já sinalizam o tom que a campanha pode ter. Se for nessa toada, veremos uma disputa em níveis pouco civilizados. A preocupação de Renan Filho faz todo sentido. Se for derrotado, ao contrário de Collor, ficará sem mandato a partir de 2019 – o que significaria uma tacada quase mortal em seus planos para 2022. Por isso, ele repensa o jogo.

Deve-se lembrar ainda que o governo está numa guerra não apenas por uma candidatura, mas por uma dobradinha, com pai e filho. Um eventual fracasso do governador ameaçaria também a tentativa de reeleição do senador Renan Calheiros, que precisa de um mandato desesperadamente. É claro que ninguém espera que a dupla entre na campanha para ver um passeio de Collor.

A eleição, como se vê, promete emoções em alta voltagem. Por seu lado, Collor também não terá vida fácil. Dizem por aí que continua com um eleitorado fiel, mas essa faixa não lhe garante certeza de vitória. Precisa convencer um público bem mais amplo do que os convertidos. Basta olhar para 2002 e 2010, as duas últimas vezes em que tentou o governo de Alagoas, sem sucesso.  

Dezesseis anos atrás, Collor perdeu no primeiro turno para Ronaldo Lessa, que emplacou a reeleição. Já em 2010, tentou derrotar o então governador Téo Vilela, mas nem chegou ao segundo turno. Pelo histórico, portanto, tem uma missão que parece tão difícil quanto a de Renan Filho.

Há os que certamente enxergam no governador maiores chances de êxito, uma vez que tem a seu favor a máquina oficial. Na teoria, é assim. A campanha vai mostrar se isso vale na prática. De todo modo, como disse lá no começo, Renanzinho acusou o golpe – e sabe que não pode vacilar.