O tucano Geraldo Alckmin fechou aliança com o tal do Centrão e, com isso, garantiu o maior tempo de TV na propaganda eleitoral. Ciro Gomes, ao contrário, está isolado com o seu PDT e, sendo assim, terá míseros segundos para vender seu peixe também na televisão. Situação semelhante é a de Marina Silva e Jair Bolsonaro. Isso será mesmo decisivo na guerra pelo voto do eleitorado?

Nas eleições do passado, a pergunta acima não teria cabimento nenhum. Afinal, o brasileiro, rezam a lenda e os fatos, sempre decidiu o voto a partir do que pintava no chamado Guia Eleitoral na TV e também no rádio. Dizem os marqueteiros que o horário televisivo, principalmente, tinha força o bastante para consagrar um candidato – ou, pela mesma força, destroçar uma candidatura.

Para não ir muito longe, dois exemplos rápidos: Lula em 2002 e Marina em 2014. No primeiro caso, Duda Mendonça reinventou o sapo barbudo, segundo consta em tudo o que se escreveu sobre aquela eleição. E no segundo caso, João Santana, marqueteiro de Dilma, transformou Marina num monstro perverso que mataria o brasileiro de fome. Doze anos separam os dois episódios citados.

Nesse intervalo de tempo, as redes sociais explodiram na Internet. Aí virou clichê sustentar que essa nova realidade mudou tudo no jeito de fazer propaganda eleitoral. Sai a TV, entra o avassalador poder da comunicação virtual – ainda mais com a conexão via telefone celular. Se já era assim quatro anos atrás, agora em 2018 será bem mais relevante a atuação por todas as redes.

Abro um parêntesis. A paralisação dos caminhoneiros, em maio passado, deu mostras do que a potência das redes é capaz de fazer. Como se viu naqueles dias, a troca de mensagens pelo WhatsApp atropelou não apenas o governo, mas também a imprensa tradicional. Ficou claro que a greve ganhou uma dimensão inesperada pela mobilização a partir de mensagens instantâneas.

De volta às urnas. O que teremos então na briga pelo voto, num ambiente tomado pela tecnologia que está ao alcance de quase todos? A lógica aponta para uma transformação no jogo da propaganda que os candidatos precisam jogar. Difícil é encontrar quem esclareça, para além de generalidades, como fazer para que a Internet seja tão crucial como tem sido até hoje a velha TV.

Quando a gente observa – agora – os partidos mergulhados no mesmo leilão de alianças, para obter mais tempo no Guia Eleitoral televisivo, parece que estamos na era anterior às redes sociais. Poque se a eleição pode ser decidida pela forma de se comunicar com o eleitor, isso se dará pela Internet ou pelos modorrentos programas do rádio e da TV? Uma coisa não bate com a outra.

Não é razoável pensar que o eleitor ficará sentado diante da televisão, à espera da fala dos candidatos, para somente aí fazer sua escolha. Não tenho respostas para nada disso, apenas palpites. Já os presidenciáveis, tudo indica, ainda jogam suas fichas na propaganda do passado. Comemoram aqueles que garantiram mais tempo na TV; lamentam os que não terão quase nada.

Por tudo isso, ninguém pode cravar o que será mesmo definitivo para o eleitor formar sua convicção. Nunca houve tanto suspense acerca do resultado que as urnas vão produzir logo adiante.