O assunto está na imprensa alagoana e você pode ver mais detalhes em reportagem do CADAMINUTO. Um advogado quer a prisão do cantor pernambucano Johnny Hooker por causa de um show no Festival de Inverno de Garanhuns. No palco, o artista puxou o coro “Jesus é travesti”, o que deixou o rapaz muito irritadinho. Ele é cristão e se sentiu ofendido com a fala de Hooker.

Numa rápida pesquisa pela internet, descobri o que já era uma quase certeza assim que vi a notícia sobre o celerado advogado, que, segundo as informações, é um alagoano que vive pelas bandas pernambucanas. Estamos diante de um típico bolsonarista. O sujeito vive exaltando as figuras mais truculentas da ditadura militar, com elogios a assassinos e torturadores. É um caso perdido.

Sua iniciativa de entrar com uma queixa-crime contra o cantor não renderá coisa nenhuma, a não ser piada. Claro que ele tem o apoio da “nova direita” – essa que ama Jair Bolsonaro e pretende resolver os problemas brasileiros com rajadas de fuzil. Também está claro que não passa de uma tentativa de atrair holofotes sobre sua mente atordoada. Está na moda esse tipo de caçada.

Já escrevi aqui, mais de uma vez, sobre essa história de arrastar Jesus e Nosso Senhor para a guerra ideológica que toma conta do país. De repente, dizer-se “cristão” e defensor dos “valores” da sagrada família ganhou status de manifestação política. Nessa toada, é uma presepada atrás da outra. Vemos assim a ignorância localizada num abraço da morte com o fanatismo em geral.

Quem defende torturador e destila ódio contra mulheres, gays e negros, entre outras barbaridades, não tem moral para querer enquadrar a conduta de ninguém. Estes sim, bolsonaristas desmiolados e perigosos, é que precisam de tratamento urgente. A postura do advogado tem tudo a ver com o texto que escrevi, antes deste aqui, sobre a Polícia Federal. É tudo farinha da mesma encomenda.

Os jumentos querem fechar museus, impedir exibição de filmes, barrar seminários, censurar letras de música, tirar novelas do ar e mais o que eles acharem que ofende os mandamentos do cristianismo. A coisa é tão bisonha que nem dá para brigar com esse tipo de “cidadão de bem”. Quanto mais notícia recebemos dessas vozes tenebrosas, mais certeza temos do erro que representam.

O advogado e outros do mesmo nível mental não vão entender, mas vou registrar um último aspecto. Arte e artista, desculpem, não podem ser alcançados por nenhuma forma de veto à expressão do pensamento e de suas criações. O palco é território livre e nada pode cercear o que ali o artista pretenda apresentar. Você não precisa concordar, mas querer a censura, jamais.

E, além do mais, esse caso do advogado alagoano é tão patético, que nem merece esse debate todo. Antigamente, quando um tipo desses aparecia, o povo ainda mais antigo costumava resumir assim o desocupado: “Tá precisando arrumar um bom lavado de roupa”. Fica a dica para essa besta.