Lula e o juizinho da República de Curitiba

16/07/2018 17:30 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

O episódio do prende e solta o ex-presidente Lula serviu para provar, de modo incontestável, que a Justiça brasileira está visceralmente engajada no projeto político de banir o petista da vida pública a qualquer custo. E isso tem o apoio praticamente unânime dos gigantes da comunicação, com a TV Globo à frente. A cobertura do caso pela emissora foi deplorável.

Houve um esforço patético para desqualificar o desembargador que concedeu o habeas corpus. Ao mesmo tempo, comentaristas partiram para a defesa do juiz Sergio Moro, que, mesmo em férias, achou de se meter onde não cabia sua ridícula manifestação. Moro agiu contra a lei e ajudou, em muito, a desmoralizar o discurso de imparcialidade do juizinho da Lava Jato.

Se a decisão do desembargador poderia ser contestada, isso deveria ocorrer pelos trâmites legais. Mas quem disse que Moro e a seita lavajatista ligam para o devido processo legal? Como já escrevi aqui, essa turma do Judiciário pretende comandar o país, passando por cima dos demais poderes. Faz tempo que togados ignoram as prerrogativas do Legislativo.

Ninguém precisa ser jurista para entender claramente que Moro cometeu um delito jamais visto no país. O Brasil tem um juiz que atua como se estivesse acima de todas as normas, desrespeitando até princípios elementares do Direito. Qualquer estudante ou estagiário em escritório de advocacia sabe que o ídolo de Curitiba errou feio nesse caso.

Fico imaginando até quando Moro terá carta branca da grande imprensa para fazer o que bem quiser. Não importa o que ele faça, tem sempre o apoio incondicional da Globo e demais vozes alinhadas ao carnaval das operações policiais. Nunca será demais lembrar que o magistrado de Curitiba correu das férias para decidir como queriam as forças dominantes no país.

Um dia, Gilmar Mendes também já foi intocável. Hoje, não mais. Desde que o ministro do STF passou a criticar duramente a República de Curitiba, incluindo as safadezas do MPF, entrou na mira dos baluartes que combatem a corrupção. Agora, toda semana Mendes é alvo de acusações e ataques nos tradicionais veículos. É assim que funciona a máquina.

A pilantragem intelectual e jurídica de Moro, nesse caso concreto da prisão de Lula, não surpreende. O elemento age dessa forma há quatro anos, sem que nada nem ninguém conteste suas arbitrariedades. Todos aqueles que apontam seus erros são automaticamente carimbados como marginais corruptos. Tudo muito previsível.

Do jeito que está, as perspectivas são as piores possíveis. Vamos escolher um novo presidente para o Brasil sob um quadro de cerco geral à verdade, com o (in)devido aval do Poder Judiciário. A ironia é que, depois do solta e prende, Lula ficou mais forte. Sem fazer força, ganhou mais argumentos para sustentar o discurso de que é, sim, vítima do jogo político.

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