Homens e “meninos” desmiolados

17/06/2018 00:30 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Quanto tempo de vida é necessário para que um menino seja considerado um homem adulto? Segundo uma regra antiga, a maioridade chega aos 18 anos. A partir dessa etapa da existência, o sujeito adquire o direito de, por exemplo, dirigir um carro, desde que, é claro, devidamente habilitado para isso. Mas antes, aos 16, o mesmo sujeito já está autorizado a votar. Um direito reconhecido por lei. Nesta condição, ele pode, portanto, dar sua contribuição na escolha dos rumos do país.

 

Suponho que todos concordem que escolher os legisladores, o governador ou o presidente da República seja algo realmente sério. Exige de cada um, em tese, capacidade intelectual para uma decisão de tamanha relevância. E essa variável, aliás, é um dos argumentos de quem defende a chamada redução da maioridade penal. Se está apto ao voto, deve responder como gente grande por um crime eventualmente cometido. A consciência da realidade não pode ser seletiva.

 

Ocorre que os códigos formais na sociedade não combinam automaticamente com a vida real. Assim como a teoria, por mais lógica e criativa que seja, não opera a mágica de anular o fato sacramentado, nenhum decreto pode lhe convencer de que uma cadeira é um ventilador. Por isso, não é tão fácil quanto parece, à primeira vista, definir o momento preciso em que nasce um adulto.

 

Mas o que toda essa conversa fora de hora tem a ver com a estreia do Brasil na Copa? É hoje que a gente vai atrás da primeira vitória, em jogo contra a Suíça. Foi mal. Acabei me demorando demais nessas premissas em linguagem macarrônica. Eu pretendia mesmo era chutar a canela de Neymar e outros “garotos” da nossa seleção. Porque o que mais tem nesse time brasileiro é “moleque”.

 

A estrela maior da seleção tem 26 anos, um filho e está envolvido o tempo todo em negociações que somam milhões de reais, euros e dólares. Para driblar o pagamento de impostos e fechar contratos semanalmente (alguns de gaveta), Neymar age como um veterano. Quando contestado, dentro e fora de campo por suas presepadas, aí não: é só um garotinho que gosta de jogar bola. Comovente.

 

Ele tem origem na tradicional escola dos meninos da Vila, a expressão que a imprensa inventou a partir de determinado momento. A ideia ganhou força com o surgimento de Robinho e Diego – e nunca mais saiu de moda. O que sei é o seguinte: no Brasil, meninos de verdade pegam no batente aos oito, dez anos de idade. Ainda na infância, já trabalham duro para ajudar a família.

 

O deslumbrado craque da seleção, além de outros menos badalados, não têm nada de “garotinhos”. Tratá-los com essa condescendência, quando agem até de forma um tanto pilantra, é só o erro de setores de uma imprensa que não perde a veia bajulatória quando é de seu interesse.

 

E quanto às falsas polêmicas produzidas por Neymar nas redes sociais, como esta última do cabelo ridículo, provam reiteradamente que nosso grande craque é apenas um cretino desmiolado. Espera-se que, em campo, jogue sua bolinha, sem macaquices. Não fará nada além da obrigação.   

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..