A vez e a hora da perplexidade

17/06/2018 14:53 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Domingo, fim de uma manhã e começo de uma tarde. ​Pensando aqui o que escrever sobre a estreia do Brasil contra a Suíça na Copa do Mundo. Vi o jogo entre Costa Rica e Sérvia, que estão em nosso grupo. A vitória dos sérvios, por 1 a 0, é uma boa tradução do jogo, especialmente pela magreza do placar. Não houve grandes chances. Diante do padrão apresentado pelas duas equipes, um empate seria mais justo. Mas justiça nada tem a ver com futebol.

Marcelo, o lateral que será o capitão no jogo de hoje, fez o combinado na entrevista coletiva. Veio com aquela conversinha do sonho que todo garoto tem de jogar pelo seu país. Veio com a lorota de que se lembra dos tempos de criança jogando bola na rua, num bairro pobre do país. É marketing. É populismo barato para ganhar a torcida. Tudo falso como na publicidade. Tratado como craque, Marcelo adora um vacilo na hora errada.

Em respeito à tradição do oba-oba, a cobertura da Globo começa com a batucada multicultural que reúne os surdos do Olodum e os tamborins da Portela. Samba e carnaval. Cachaça e mesa redonda. Ninguém sabe o que vai acontecer quando a bola rolar, mas o exagero da confiança extrapola os bons modos e atropela as precauções à patetice. Mas tudo bem. Não há razão para censurar o torcedor que vestiu amarelo e pintou a cabeleira de verde.

Depois dos gols de Cristiano Ronaldo e do pênalti desperdiçado por Messi, reacendeu a besteirada que nunca se apaga: quem é o melhor do mundo, afinal? Esse debate ocorre há uma década e os defensores de um lado e outro repetem os mesmos argumentos, com incansável capacidade para a exaltação do tédio. É o campeonato do qual o sem noção Neymar reza todo dia para conquistar. São os lances de um jogo que nos marca por pressão.

Mas agora finalmente nossos titulares estão à beira do gramado. Vai começar nossa primeira partida em mais uma Copa. Como não tenho esse coração de torcedor fanático, verei o espetáculo de olho no conjunto da obra. Tudo me interessa e, mais ainda, quando tudo mistura o efêmero, o dispensável e a perplexidade. Conquista? Vencer ou vencer? Coração na ponta da chuteira? Melhor nem tentar. Nunca surfei essa onda. Boraprojogo!

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..