Profecia não combina com o imprevisível

16/06/2018 10:32 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Uma das melhores coisas no universo do futebol são as previsões erradas. Não é raro que certezas absolutas – antes de a bola entrar em campo – estejam demolidas quando o juiz apita o fim do jogo. E já vimos isso acontecer na Copa do Mundo da Rússia. Foi logo na segunda partida do torneio, entre Uruguai e Egito. Por muito pouco, o placar não ficou no mísero empate de zero a zero.

 

A vitória uruguaia saiu aos 44 minutos do segundo tempo numa cabeçada do zagueiro José Giménez, após cobrança de escanteio. Ainda que no limite do sufoco, deu a lógica. Esse resultado, no entanto, desmoralizou uma das ideias mais repetidas por meio mundo de comentaristas às vésperas da partida. A convicção unânime dizia que o Uruguai tem a melhor dupla de atacantes do torneio.

 

Suarez e Cavani formam, para os analistas, o ataque dos sonhos. Pela expectativa, apresentada como incontestável, os dois goleadores teriam tudo para garantir o êxito dos uruguaios. E o que se viu em campo? Nada menos que um fiasco eloquente, sobretudo de Suarez, que teve desempenho medíocre. Assim, de onde mais se esperava, veio a decepção total na hora da verdade.

 

Esse tipo de desconexão radical entre previsões certeiras e a realidade dos fatos ganha relevo justamente pela contundência de quem tenta antecipar o futuro. Os vereditos parecem revestidos de critérios e premissas incontornáveis. O cronista afirma que dois jogadores resolverão um jogo com a mesma naturalidade de quem boceja ou dá bom dia ao colega de trabalho. E erra solenemente.

 

Ainda assim, os caras não aprendem – não aprendemos. Logo após o acachapante desfecho em sentido contrário ao que foi anunciado, voltamos, com a maior serenidade, à compulsão das profecias para o próximo jogo. Subestimamos o imponderável, os milhares de detalhes que podem mudar tudo o que parece ser o caminho natural das coisas. É uma das tradições imutáveis no futebol.

 

O triunfo do Uruguai veio, mas não como todos diziam que seria. Neste sábado, são quatro jogos para testarmos a sobrevivência dos prognósticos feitos no dia anterior sobre os duelos envolvendo oito seleções. Na primeira das partidas, a França venceu a Austrália por 2 a 1. Os franceses chegaram à Rússia como candidatos ao título; aliás, são tidos como favoritos; mas ficaram devendo.

 

Se há o que se pode cravar no panorama do dia, em mais uma previsão, é que alguns lances dentro das quatro linhas têm tudo para derrubar a lógica e as mais distintas convicções. Isso sim é infalível. Os erros mais comuns decorrem das apostas e palpites sobre o placar dos jogos. Mas isso é um direito universal de todos nós. Com muita bola pra rolar em campo, a normalidade não tem vez.  

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