Precariado

12/06/2018 13:34 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Depois de uma geral pelo noticiário na manhã de hoje, descobri que bolsonaristas acordaram em êxtase com o encontro entre Donald Trump e Kim Jong-un. Pelo que entendi, a manada de rapazes apaixonada pelo pistoleiro analfabeto dispensa até as namoradas, em pleno 12 de junho, para festejar o que consideram uma vitória da ideologia que professam. É um caso de demência incurável.

 

Por falar em guerra ideológica, os meninos e marmanjos que se encantaram com a macheza do Jairzão do fuzil fizeram, nos últimos tempos, uma descoberta formidável: para eles, repara só, a Globo é um antro de comunistas. Você aí, que vive acusando a emissora dos Marinho de reacionária, direitista dos infernos e golpista, está por fora. Os intelectuais da bala reinventaram a roda.

 

Mas isso não é da minha conta; vou deixar os cidadãos de bem curtirem seu Dia dos Namorados sonhando com um chamego do ídolo valentão. Cada um escolhe o parceiro que combina com seus desejos mais inflamados. É ou não é? Enquanto isso, acompanho na Globonews marxista a informação sobre a farra de políticos em São Paulo, que agora decidiram explodir o teto salarial.

 

Se a moda pega, daqui a pouco nossa Assembleia Legislativa é bem capaz de seguir o mesmo caminho. Afinal, uma boa ideia tem tudo para se espalhar. E o que não falta em Alagoas é categoria do funcionalismo estatal disposta a dar sua contribuição para o equilíbrio das contas públicas estaduais. Têm razão. A qualidade inquestionável dos serviços merece a extinção de todos os tetos.

 

Outro assunto na imprensa brasileira é a tal desanimação com a Copa. Bastaram uma pesquisa e uma opinião mais desencantada, e pronto: todos os jornalistas agora posam de indiferentes com os destinos da seleção. Parece que pega bem entre as patotas demonstrar esnobismo com as caneladas de Neymar e Phillipe Coutinho. Ainda bem que posso reler Nelson Rodrigues.

 

E hoje também é dia de fogueira. Se bem que a tradição, esta sim, parece que vai decaindo ano a ano. Antigamente, como diriam os dinossauros, a essa hora a correria já era grande na procura por pedaços de pau e madeira para garantir as labaredas mais vistosas. Tenho a impressão que quase nenhuma rua monta mais aquele arraiá que entrava pela madrugada. É, o mundo mudou.

 

Mas suponho que, entre os alagoanos mais antenados com a cultura popular, a tradição deve ter sido repaginada. Algum DJ deve animar uma festinha vintage, com sonoridade antiforró e cardápio gourmet à base de comidinhas personalizadas. Milho assado é para os meliantes da periferia. É por isso que, no Brasil e em Alagoas, vivemos dias melhores. Estamos no rumo.

 

Pensando aqui na trilha sonora para hoje. Acho que vou nas ondas do Wado. Ele acaba de botar na praça mais uma obra de arte raríssima. Precariado reafirma que o maior talento da música entre nós, alagoanos, na verdade é um legítimo catarinense. Para tristeza dos filósofos da alagoanidade.

 

Wado é universal; poeta do som e da palavra. É obrigatório. Não bastasse tudo isso, de vez em quando chuta o pau da barraca. Sempre com precisão e refinamento. Assim é a grande arte.

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