Dois malucos se encontram

12/06/2018 08:20 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Acompanho ao vivo pela TV, na noite desta segunda-feira, o encontro entre o presidente americano Donald Trump e o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un. Cem por cento da imprensa mundial classifica como “histórica” a reunião entre os dois líderes que mais parecem dois malucos. E daí? O que isso tem a ver com o Brasil e com a vida dos brasileiros? De repente, nada. Mas ver o acontecimento com tamanha indiferença, vamos reconhecer, não seria lá muito inteligente.

 

O aperto de mãos entre as duas cabeleiras inclassificáveis tem como objetivo um planeta mais seguro. Pelo menos é isso o que está oficialmente nas alegações dos dois lados – e que todos os países não têm como contestar. Todos querem os norte-coreanos longe dos ímpetos de sacar seu arsenal nuclear contra os Estados Unidos ou a Coreia do Sul. Era o que o baixinho vivia ameaçando.

 

O encontro ocorre em Singapura, um território neutro para acomodar duas das figuras mais esquisitas – bizarras, você pode dizer – do cenário mundial. Nas primeiras imagens do bate-papo entre eles, transmitidas em tempo real, ambos pareciam decididos à cordialidade. Estão empenhados em passar a ideia de dois estadistas sóbrios e equilibrados, na contramão de suas trajetórias.

 

Segundo diferentes analistas, o surpreendente diálogo entre os antigos inimigos tem dois objetivos imediatos, um para cada presidente. Kim sobe de patamar na geopolítica planetária, deixando a condição de pária, sendo reconhecido como estadista que negocia com a maior das potências. E Trump demonstra que está além do tosco tuiteiro, tornando-se candidato natural ao Nobel da Paz.

 

Por aqui, como sempre, notórios modelos da direita e da esquerda fazem a leitura que se adapta a suas incompatíveis visões de mundo. Sem dúvida, enquanto uma turma exalta a iniciativa de Trump, o outro lado tenta subestimar o alcance da investida do americano. Quem sabe, todos estejam certos.

 

Ainda que o passo inicial não dê em nada logo adiante, não é possível minimizar o que estamos vendo agora. 11 de junho de 2018 já garantiu seu lugar definitivo e incontornável nos livros de História, nos ensaios e estudos que virão por aí. Por isso, você está lendo o que acabo de escrever.

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