A música que enlouquece a Globo

09/06/2018 23:42 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Aconteceu de novo na edição do Jornal Nacional desta sexta-feira, 8 de junho. Enquanto a maravilhosa Camila Bomfim trazia alguma informação (não importa qual), ao vivo, direto de Brasília, os telespectadores começavam a ouvir o som do que parece ser um trompete. Bastam dois ou três segundos para você identificar a música: “Olê, olê, olê, olá... Lula, Lula”. Virou pesadelo no JN.

 

Aliás, a invasão do trompetista misterioso vem ocorrendo já faz algumas semanas, em vários telejornais da Globo e também nos programas da Globonews. Mas é claro que essa verdadeira instalação de arte sonora provoca muito mais estragos quando ocorre no principal produto jornalístico da emissora. Na volta ao estúdio, a cara do Willian Bonner revela o mal-estar profundo.

 

Atos de agressão a equipes de reportagem não têm nada a ver. É absolutamente condenável. Trata-se de violência intolerável contra pessoas que estão no batente. Não importa a empresa em que trabalhem, são profissionais. Xingamentos e ataques físicos traduzem apenas a truculência de gente desmiolada e sem noção. Muito mais demolidor – e na paz – é tocar uma música.

 

Que eu saiba, até agora não há informação sobre autores da ideia. Como não ando por redes sociais, não sei se já apareceu alguém identificado como o trompetista implacável. Também o fato de ser um protesto em defesa de Lula, para mim, é o de menos. O desconcertante é que, sim, a Globo tem um histórico de, vamos dizer, má vontade com o velho Lula, o PT e a esquerda em geral. Ou não?

 

Repare que, em muitos casos, a sutileza pode ser arrasadora; pode provocar resultados mais eloquentes do que uma bomba. Por isso, quando, no meio de um noticiário, todo pomposo e cheio de intenções que se pretendem imparciais, algumas notas musicais parecem surgir do nada, tudo foge do controle. Tenho certeza que o caso é hoje um drama na direção de jornalismo da Globo.

 

Por isso mesmo, os repórteres (e toda equipe envolvida numa transmissão ao vivo) devem estar recebendo recomendações ostensivas para se precaver da ameaça do imprevisível. E não tem dado certo, uma vez que, até de Brasília, no sagrado JN, o trompetista tem furado esse bloqueio. Isso já é um dos acontecimentos mais relevantes nesses dias de hoje na imprensa brasileira. Quem diria!

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