Depois da greve dos caminhoneiros, cai o presidente da Petrobras. Pedro Parente entregou o cargo na manhã desta sexta-feira, abatido pelo tiroteio decorrente da política de preços dos combustíveis. Ele ficou em situação complicada depois que o país, refém de uma categoria, praticamente parou em alguns setores. Mas o que muda com essa troca de comando na Petrobras? Os valores e os mecanismos de reajuste da gasolina serão outros a partir de agora? Certamente não.
Todo mundo pediu a cabeça de Parente, de Ciro Gomes a Jair Bolsonaro, de Guilherme Boulos a Alvaro Dias. E o que essas vozes de destaque na política brasileira argumentavam? Diziam mais ou menos isto: ora, não é possível que a empresa mantenha no cargo esse senhor que provocou todo esse caos, com uma fórmula de gestão que beneficia o mercado e pune os brasileiros. Com essa lógica generalista, quem pediu a demissão de Parente está mais preocupado com eleição.
Funcionou. Foi esse tipo de pressão que acabou forçando a troca no comando da empresa. Mas a metodologia na gestão de preços da Petrobras tem tudo para ser mantida. Porque, na verdade, o governo não tem alternativa; não existe mágica para manter lucros e fazer o consumidor pagar bem menos para encher o tanque do carro. Uma guinada pode provocar problemas ainda maiores.
Mas política é política. Ainda mais em ano de eleições gerais. Por isso, não se deve levar a sério a gritaria de candidatos contra Pedro Parente e a Petrobras. É quase tudo pilantragem disfarçada de indignação com os preços dos combustíveis. Pilantragem para caçar alguns votinhos na disputa de outubro que vem aí. A mesma lógica, a essa altura, é adotada em qualquer outra área.
Os mais celerados pregam congelamento de preços ao consumidor. É incrível. Esse é justamente o caminho mais curto para o desastre de proporções mais perversas. Congelamento só funciona na cabeça de dinossauros que ainda estão por aí na vida pública brasileira. Mais de uma vez na história, experimentamos esse modo de administrar a economia. Os resultados sempre foram trágicos.
Portanto, a troca de comando na Petrobras serve apenas para satisfazer a histeria geral, ainda embalada nos bloqueios de estrada e no desabastecimento de produtos essenciais à população. Para o mercado de compra e venda de combustível, pode apostar que não haverá milagre.
A primeira reação à queda de Parente, aliás, não é das melhores para a saúde da própria empresa. O temor é que a tentação populista leve a direção a adotar medidas arriscadas – e irresponsáveis. No mais, candidato falando sem parar contra tudo e mais alguma coisa é somente oportunismo.
Não existe mágica em economia. Existe a vida real. E matemática.