Se o panorama da eleição para governador segue em ritmo modorrento, o mesmo não se diga da disputa ao Senado. Como se sabe, Renan Filho, por enquanto, não se preocupa com eventuais adversários. Até agora, a oposição tem apenas nanicos lançados como concorrentes ao Palácio dos Palmares. Para senador, o ambiente parece mais engarrafado numa lista de várias candidaturas.
Com duas vagas em jogo, a eleição testará o fôlego de Renan Calheiros e Benedito de Lira. Em lados opostos, os dois encaram o desafio de renovar o mandato. Ocorre que, nesse caso, há nomes de peso que podem ameaçar a reeleição de um dos titulares, talvez até dos dois. Ligados ao governo ou à prefeitura de Maceió, Maurício Quintella, Rodrigo Cunha e Marx Beltrão estão na guerra.
A corrupção virou o assunto que mais preocupa o brasileiro, segundo a última pesquisa Datafolha sobre as ideias na cabeça do eleitor. Por aí, pode-se deduzir que terá boas chances o candidato que for capaz de traduzir o discurso da ética e da honestidade. E esse, não há dúvida, é o principal ativo de Rodrigo Cunha diante de adversários encrencados com denúncias de malfeitorias.
A questão é saber se isso terá mais peso do que o voto por “realizações”. Assentados em boa estrutura partidária, e com a máquina da gestão pública a favor, Renan e Benedito tentarão emplacar a ideia de “trabalho” realizado por Alagoas. Contam ainda com a velha fidelidade nos rincões do interior do estado – tanto no apoio de prefeitos como na simpatia do eleitor pragmático.
Quando a campanha começar oficialmente teremos um cenário mais claro sobre a tendência da opinião pública. Até agora, pesquisas já realizadas confirmam a dianteira dos atuais senadores. Mas essa escolha tem muito da inércia que joga a favor daqueles que já exercem mandato. Com a briga no horário eleitoral na TV, os ventos podem mudar de direção. Ninguém está em posição confortável.
Para fechar, uma última observação. Com o desprezo geral à política, além de uma onda por renovação a qualquer custo, o que dizer de um quadro que pode reeleger Renan e Benedito ao Senado? É o que tentam entender onze entre dez analistas do caótico quadro eleitoral brasileiro.