Não será por falta de exposição na imprensa que os candidatos a presidente deixarão de apresentar suas ideias ao eleitorado. Pelo contrário. Há algumas semanas, o que não falta é todo o tipo de entrevista, sabatina, debate e seminário para fazer perguntas aos que disputam o voto na eleição para presidente. No rádio, na TV e na internet, já temos um cardápio de horas e horas de variados programas em que ouvimos os presidenciáveis. Duração e formatos variam, mas não muito.

 

Para citar alguns exemplos, no YouTube você pode ver entrevistas e sabatinas organizadas pelo UOL, Folha de S. Paulo e STB. Podemos também checar as ideias dos concorrentes no Roda Viva, da TV Cultura. O eleitor pode assistir também ao Canal Livre, na Band. E contamos, para que ninguém reclame de escassez de informação, com longas entrevistas em páginas virtuais comandadas por jornalistas profissionais, sem militância partidária. Citei só alguns exemplos do falatório geral.

 

Embora ostensiva, essa presença dos candidatos nos meios de comunicação não significa uma profusão de verdades, clareza absoluta de ideias e projetos detalhados para o país. Falando para um público aparentemente um tanto restrito, muito do que se diz tem vida curta, serve para esse ambiente de debate, mas será descartado como inadequado para o palanque. Ao povo, que decide quem será eleito, não adianta falar de tamanho do Estado, câmbio flutuante, contratos e ajuste fiscal.

 

Mesmo os candidatos nanicos, alguns até estreantes na política, são convidados a participar de incontáveis eventos organizados para conhecer cada um dos que se lançaram na corrida ao Planalto. Não sei qual o nível de interesse na eleição que alguém demonstra a essa altura. Se tiver disposição para ver e ouvir os candidatos falando de tudo (ou quase tudo), isso você encontra fácil e até demais. E esse também dever ser um fator hoje mais forte que na eleição de 2014. A oferta cresceu.

 

Estou falando, reitero, de oferta de informação. Mas a gente pode se perguntar o seguinte: quanto, do eleitorado que já desenvolveu paixonite por qualquer um dos presidenciáveis, terá disposição para escutar outros concorrentes? O índice, vamos ser realistas, deve estar perto de 0%. Porque, e isso é um dado científico, queremos cada vez mais tudo o que reafirma nosso pensamento e preferências.

 

O que ressalto é o grande número de opções disponíveis para conhecermos melhor os candidatos a presidente. Todos eles. Aliás, devido a essa proliferação de espaços para os políticos falarem o que quiserem, se explicarem sobre qualquer coisa e criticarem adversários, ninguém pode alegar ignorância acerca de nenhum deles. Mas a audiência a esse show de palavras parece baixa.

 

Qual o peso particular de tamanha exposição prévia nos meios de imprensa? Não sei. Pode até não ajudar os candidatos. Mas têm potencial de repercussão a depender de uma ou outra resposta que escape do controle prévio de marqueteiros. Seja como for, os presidenciáveis falam sem parar.