O comando virtualmente grevista dos policiais militares fechou acordo com o governo estadual. Pelo visto, as incontáveis associações fardadas acabaram vencidas pelos argumentos dos gestores. Vocês devem estar lembrados que muita gente anunciou o fim do mundo, caso o governo não topasse as reivindicações levadas à mesa de negociação. Mas não foi o que ocorreu, em momento nenhum.
Vamos recordar as ameaças feitas pelos que falam em nome da tropa. Primeiro, haveria o clássico aquartelamento. Além disso, os valentes anunciaram uma data para suspender a ronda nos bairros, desativar o serviço dos Bombeiros no aeroporto e fechar o porto da capital. As lideranças também garantiram que os jogos no Rei Pelé deixariam de ter o policiamento necessário.
Quando esse festival de radicalismo foi alardeado nos quatro cantos da imprensa alagoana, escrevi aqui que tudo isso não passava de um blefe. A velha tática da chantagem. Até hoje, nada disso ocorreu. Aliás, suspeito que nunca esteve para acontecer. Se não era blefe, então os falastrões diziam uma coisa enquanto a tropa fazia outra, ignorando os delirantes apelos dos donos das associações.
Agora, finalmente, depois de toda essa lorota, os quase grevistas anunciam que os problemas acabaram. Quais foram as grandes conquistas? Pelo que entendi, concordaram com um reajuste de 5% nos vencimentos, vejam só, lá pelo meio de 2019. Isso mesmo. O pessoal que estava à beira de um motim, exigindo aumento imediato – ou haveria uma guerra –, está feliz com 0% em 2018.
Como não entendo nada de negociação salarial, nem conheço o dia a dia dos militares, suponho que foi o ideal para os dois lados. É a dedução lógica após anúncio de que acabou o perigo de uma paralisação por tempo indeterminado. Dizem por aí que houve uma “operação-padrão” que, uma vez assinado o acordo, não existe mais. Engraçado, alguém sentiu os efeitos dessa operação?
Melhor assim. Espero que evoluam as condições de trabalho para a PM e os Bombeiros. Com os ânimos serenados depois do final feliz, espera-se também que avance a qualidade na segurança. Este continua sendo, é claro, um dos temas cruciais para qualquer governo – e para o eleitorado.
Aliás, fico pensando qual terá sido, nessa negociação toda, o peso das circunstâncias eleitorais. O governador está em campanha para tentar renovar seu atual mandato. E do lado do movimento grevista, o que não falta é candidato. Vai ver, houve um pacto por Alagoas. Foi isso.