Os acusados pela morte da jovem Franciellen Araújo Rocha, torturada e queimada em 2013, estão sendo julgados em júri popular nesta quarta-feira (23), quase cinco anos após a ocorrência do crime. De acordo com o promotor assistente da acusação, Malta Marques, a expectativa do Ministério Público (MP) é de condenar os acusados com as penas máximas instituídas pela justiça.

“O sentimento do MP é de que todos os réus sejam condenados com as penas máximas dentro da proibição legal instituída pela sentença de pronúncia. Os três mais envolvidos estão denunciados por homicídio doloso triplamente qualificado, enquanto os outros dois por apenas uma qualificação” disse.

Segundo Malta, as três qualificações dos réus Vanessa Ingrid da Luz Souza, Thiago Handerson Oliveira Santos e Victor Uchôa Cavalcanti são pelo uso de fogo, crueldade e dissimulação.

“Eles são os mais envolvidos na ação, e além do fogo e crueldade, utilizaram-se de dissimulação. A vítima foi levada para um apartamento e lá estava toda cena armada. Disseram que era para uma festa, e lá a torturaram e queimaram” explicou o promotor.

Os outros dois acusados teriam ficado apenas com uma qualificatura. Saulo José Pacheco de Araújo e Nayara da Silva foram acusados, respectivamente, pelo uso de fogo e tortura.

Ainda de acordo com o promotor, o tempo demandado entre o crime e o julgamento foi uma consequência do grande número de advogados defendendo os réus, que teriam entrado com muitos recursos.

Entenda o caso

Para dar início ao plano de assassinato, a acusada Vanessa Ingrid teria convidado amigos para uma festa em seu apartamento, prometendo fornecer bebidas e entorpecentes. Quando a festa começou, Vanessa questionou uma jovem sobre suposto relacionamento com seu o parceiro. A menor negou e apontou Franciellen como a pessoa que mantinha relacionamento com o companheiro de Vanessa.

Neste momento, Vanessa Ingrid ordenou então que a menor atraísse a vítima para o apartamento.  Com a insistência da colega, Franciellen confirmou sua ida à festa com mais duas amigas. Na chegada, Thiago recepcionou a vítima com um murro no rosto, que caiu no chão e foi arrastada até o quarto onde se iniciou o espancamento por mais de duas horas, com murros, chutes, pancadas na cabeça, corte do cabelo com faca de mesa, queimaduras no rosto com pontas de cigarros, sobrancelhas raspadas e sufocamento com toalha molhada.

Ao final da festa, ainda segundo a denúncia,  Vanessa teria dado R$ 10 reais para que as amigas de Franciellen fossem embora de táxi, ameaçadas para que não contassem nada a ninguém. Após esse momento, os acusados saíram no carro de Saulo, pararam para comprar gasolina, seguindo em direção ao conjunto José Tenório.

Os réus teriam entrado em uma estrada de barro deserta e lá forçaram Franciellen a descer do veículo, conduzindo-a por vários metros onde a sentaram no chão, momento em que Thiago e Victor a imobilizaram com fitas adesivas, nos braços e nas pernas. Em seguida, Vanessa Ingrid teria reiniciado as torturas, até a vítima desmaiar. Neste momento, Franciellen teve o seu corpo embebido em gasolina pelos acusados, e Venessa Ingrid teria ateado fogo.

*Com Assessoria