As universidades federias têm autonomia plena. Em seus quadros, como se sabe, a regra no corpo docente é a crítica ácida ao – com o perdão do lugar-comum – sistema dominante. Reitores e professores estão sempre a postos para a denúncia sobre os desmandos e desvios na gestão pública. Falta o mesmo engajamento para enfrentar as próprias mazelas que se acumulam.
Comento reportagem publicada aqui no CADAMINUTO, que o leitor pode conferir no site em todos os detalhes. Segundo texto assinado por Luciana Beder, um prédio gigantesco erguido para ser o restaurante universitário da Ufal em Arapiraca está abandonado há mais de dois anos. Construído em 2015, o local até hoje continua desativado. O mesmo ocorre no campus de Delmiro Gouveia.
Alunos contam que, em Arapiraca, um espaço no RU que não funciona está sendo usado como auditório, porque o teto do auditório original desabou no ano passado – entre outros problemas na estrutura física. Estudantes reclamam de vários outros descalabros nas dependências do campus arapiraquense da Universidade Federal de Alagoas.
Recentemente a reitoria da universidade soltou até nota oficial para explicar os casos de obras paradas no campus de Maceió. Mesmo diante de imagens incontestáveis, o comando da Ufal se nega a admitir a realidade evidente. Para a gestão, está tudo dentro dos prazos legais, em cronograma sem qualquer entrave no andamento das obras. Ainda que essa versão pareça um enredo ficcional. Por aí, as coisas ficam longe de melhor esclarecimento.
O que vemos aí, infelizmente, é o mesmo padrão da política profissional, onde gestores inventam desculpas para justificar o colapso em obras e projetos. Sem falar que é pouco transparente a postura da reitoria, que prefere, como sempre, jogar a culpa de todos os males no Ministério da Educação. Seja qual for a encrenca, os donos da universidade querem mais dinheiro.
Como disse na lá no começo, a universidade atua com plena autonomia administrativa, política e financeira. Essa condição faz daquele universo paralelo, em muitas situações, um ambiente ainda mais isolado do que já é naturalmente. Prestação de contas não é o forte por essas quebradas.
Diante dos fatos sobre os restaurantes que não funcionam – há mais de dois anos, repito –, a reitoria da Ufal de novo não explicou nada. A Secretaria de Infraestrutura da universidade joga a responsabilidade na construtora. Espera por ajustes da empresa, após notificação do problema.
E nada além disso a acrescentar? É muito pouco para o tamanho do problema. Precisa mais.