Berrando na TV, de olho na política

10/05/2018 02:14 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Dos estúdios de TV, geralmente aos berros, para o mundo da política. Não é de hoje, esse é o sonho que muitos dublês de jornalistas acalentam depois de ficarem “famosos” diante das câmeras. Pensei nisso ao ler reportagem sobre o bizarro José Luiz Datena. Mais uma vez, ele ameaça disputar uma eleição, talvez para o Senado. Em 2016, o apresentador esteve à beira de uma candidatura – nada menos que a prefeito de São Paulo. Desistiu após perceber que não teria chance nas urnas.

 

Pelo Brasil afora, são muitos os exemplos de profissionais que deixaram o mundo da notícia para tentar uma nova vida. Decidiram ampliar o alcance de suas ideias originais, digamos assim, com um mandato no Executivo ou no Legislativo. No Congresso Nacional, alguns deputados e senadores vieram do ambiente televisivo. A exposição natural pelo trabalho pode ser uma vantagem e tanto.

 

Em Alagoas, são muitos os que tentaram a política a partir da popularidade decorrente de um programa de televisão. Um dos casos mais antigos é o de Sabino Romariz, lá nos primórdios da década de 1980. Pilotando o “A vez do povo na TV”, que misturava o grotesco com o assistencialismo, ele conquistou um mandato de deputado estadual. Acabou fazendo escola com herdeiros até hoje.

 

Entre os nomes mais recentes, quem mais chegou longe, sem dúvida, foi o hoje deputado federal Cícero Almeida. Expoente dos programas mundo cão, além do Legislativo, acabou conquistando a prefeitura de Maceió em 2004, sendo reeleito em 2008. Pelo que se sabe, Almeida se vê obrigado agora a dar um passo atrás, sendo candidato a uma cadeira na Assembleia Legislativa.

 

Outro que partiu para a carreira na política é Jeferson Morais, também popular em programas de noticiário policial. Ele exerceu um mandato de deputado estadual. Disputou a eleição para prefeito de Maceió em 2012, mas não teve êxito. Em 2014, fracassou na tentativa de renovar o mandato na Assembleia. Não sei se pretende concorrer nas eleições deste ano. É provável que sim.

 

Quem conheceu um sucesso fulminante foi Cristiano Matheus. Dos microfones e holofotes, se elegeu vereador por Maceió em 2004. Nem cumpriu o mandato e, em 2006, pescou uma cadeira de deputado federal. Repetiu a dose, abandonou o mandato em 2008 e virou prefeito de Marechal Deodoro, sendo reeleito em 2012. Meio encrencado, tenta uma vaga na Assembleia.

 

Oscar de Melo é um curioso caso de passagem meteórica pela vida partidária, com um mandato único de vereador por Maceió. Após trocar de profissão, voltou à TV e, ao que parece, desistiu da política. Pela mesma Câmara, passou Wilson Junior, que manteve jornada dupla – no parlamento e no ar como apresentador. Em 2016, perdeu a eleição para renovar o mandato.

 

No cenário de hoje, em âmbito nacional, Celso Russomano acumula mandatos de deputado, mas tem fracassado nas tentativas à prefeitura de São Paulo. Como se sabe, Luciano Huck ensaiou simplesmente uma candidatura a presidente. Delírio similar ao que se viu com Silvio Santos, que se aventurou na disputa presidencial de 1989. A insanidade foi barrada pela Justiça Eleitoral.

 

Todos têm direito de buscar o voto do eleitor. Basta para isso cumprir os requisitos da lei. O problema, com os famosos da TV, é que na maioria dos casos a experiência concreta revela quase sempre um desastre. Ter audiência não significa necessariamente um conjunto de princípios saudáveis e bons projetos para a vida pública. Uma coisa é certa: em outubro, eles tentarão de novo.

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