A oposição ao governador Renan Filho apostava tudo na candidatura do prefeito de Maceió, Rui Palmeira. Depois de um suspense que parecia interminável, finalmente Rui anunciou, em 12 de março, que não disputaria o governo alagoano. Um mês e meio após o anúncio que parece ter devastado sonhos de um bocado de gente, a frente partidária que perdeu sua alternativa dada como certa ainda não encontrou o famoso Plano B. Seria o deputado Rodrigo Cunha. Ele hesita.

 

Rui Palmeira é tucano como seu quase substituto. O deputado é apresentado agora como uma das novas estrelas do PSDB, pronto para ocupar um espaço mais amplo e se tornar um protagonista além do tucanato. Cunha começou a trajetória como superintendente do Procon, agraciado pelo então governador Téo Vilela. Suas credenciais para o cargo foram a origem familiar e os vínculos partidários. A suposta renovação que ele representa ainda se resume aos ternos e à retórica.

 

A oposição não tem apenas o PSDB, é claro. Por que as demais legendas não apresentam opções? Entre os partidos aliados nesse balaio está o Democratas, chefiado pelo ex-deputado José Thomaz Nonô. Não seria este um nome para ser o candidato após a desistência do prefeito? Até agora, salvo engano, essa ideia não teria sido sequer cogitada. Nem o próprio cacique do DEM teria tal pretensão.

 

Penso que é o caso clássico de descompasso entre disposição pessoal e circunstâncias da época. Em outras palavras, Nonô talvez tenha de se resignar com o seguinte fator da história: seu tempo passou. Não que ele seja irrelevante na política alagoana. Mas já foi muito mais forte. A partir de 1983, passou a colecionar mandatos de deputado federal; foram nada menos que seis, por mais de duas décadas. E mais de uma vez, ele foi o mais votado – e se orgulhava de ser imbatível.

 

Com esse desempenho nas urnas, craque no gogó e bom de briga, o político sempre teve seu nome ali, na marca do pênalti, como potencial candidato a governador ou a prefeito da capital – mas a ideia nunca se tornou viável. Coisas do jogo partidário e dos lances inesperados no destino de cada um. Em 2000, quando já não era o mesmo da época de ouro – os anos 80 e 90 do século passado –, disputou a prefeitura de Maceió. Para alguém de sua envergadura, a votação foi um vexame.

 

Naquela disputa pela prefeitura, Kátia Born foi reeleita no segundo turno, vencendo Regis Cavalcanti. Sim, Nonô caiu ainda no primeiro tempo do jogo. O grande campeão de votos do passado amargou um melancólico fiasco. Em 2006, tentou ser senador, mas perdeu para Fernando Collor. Nos anos seguintes, ele chegaria ao Palácio dos Palmares, mas – que ironia – na inexpressiva cadeira de vice-governador. O titular era Téo Vilela. Seu último posto foi o de secretário de Saúde.

 

Digamos que em condições normais, se isso fosse possível em política, Nonô seria um candidato natural a governador. Controla um partido, tem ligações em todo o estado e sabe como poucos o que faz um boi voar. Mas veja como é a vida: dois caras que começaram ontem – Rui Palmeira e Rodrigo Cunha – teriam muito mais chance de vitória. É a percepção de seu próprio entorno. E é uma constatação objetiva da realidade. Como ele encara isso, não faço nenhuma ideia.

 

Mas quem garante qualquer coisa em política, cravando certezas no futuro, bom da cabeça não é. Vai que um vento desgovernado bate no destino do ex-deputado, e o homem sai candidato a governador?! Não, não tenho informação privilegiada sobre nada nem ninguém no jogo eleitoral alagoano. Eu não apenas nada entendo de ciência política, como também estou por fora de todos os bastidores do poder. Por isso mesmo posso “viajar” e atirar em todas as direções.

 

É o que acabo de fazer – com alguma base no que chamamos de vida real, naturalmente.