O fim e o começo de quase tudo

21/04/2018 04:27 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Para Fernando Coelho, Wado, Eduardo Calado, Lelo Macena e Lael Correa. Mas eu garanto que eles não têm culpa nenhuma.

 

Porque o mar não está para peixe, tudo caiu por terra. Porque nem tudo são flores, a vaca foi para o brejo. Porque o jogo só acaba quando termina, a vida é um livro aberto. Porque deu zebra na hora H, dois bicudos não se beijam. Porque venderam gato por lebre, nada como um dia após o outro. Porque tiveram a paciência de Jó, cada macaco no seu galho. Porque as aparências enganam, é hora de a onça beber água. Porque nem tudo está perdido, antes tarde do que nunca. Porque tudo é passageiro, chutaram o pau da barraca. Porque mudou da água para o vinho, é hora de virar a página. Porque o homem é aquilo que come, no carnaval ninguém é de ninguém. Porque há o tempo de plantar, o buraco é mais embaixo. Porque jabuti não sobe em árvore, o sol brilha para todos. Porque Deus é brasileiro, quanto mais quente melhor. Porque a sua hora vai chegar, felicidade não se compra. Porque a verdade é cristalina, que seja infinito enquanto dure. Porque botaram as cartas na mesa, o perigo mora ao lado. Porque o poeta é um fingidor, cada cabeça, uma sentença. Porque a vida é um sopro, o tiro saiu pela culatra. Porque a Terra é azul, os opostos se atraem. Porque a noite é uma criança, o bom cabrito não berra. Porque a caravana passa, nada é um mar de rosas. Porque dá um frio na barriga, é osso duro de roer. Porque naquele tempo era melhor, o rio corre para o mar. Porque é aqui e agora, hoje só amanhã. Porque a arte não se explica, o vento balança o coqueiro. Porque estamos no olho do furacão, a saudade mata a gente. Porque é um campo minado, gosto não se discute. Porque a casa caiu, o impossível não existe. Porque é coisa de outro mundo, cavalo dado não se olha os dentes. Porque os sonhos nunca morrem, atire a primeira pedra. Porque isso não é aquilo, o céu é o limite. Porque é fogo na roupa, as cartas não mentem jamais. Porque só sei que nada sei, o último a sair apague a luz. Porque o tempo não para, de onde venho e para onde vou. Porque isso é uma loucura, quem quiser que conte outra. Porque é fato consumado, o silêncio é cheio de som e fúria. E jogo palavras ao vento – porque um novo dia amanhece.  

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