O inesperado terremoto eleitoral chamado Joaquim Barbosa

19/04/2018 22:39 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Até parece que Joaquim Barbosa é o cara. Aliás, mesmo que não seja, nenhum outro nome provocou tanta zoada no cenário político-eleitoral nos últimos dias. Tudo porque na pesquisa Datafolha, divulgada no domingo (15/04), ele aparece na casa dos 10% das intenções de voto. O inesperado desempenho gerou uma série de especulações e movimentos entre os partidos.

 

O curioso é que o ex-presidente do STF, que virou celebridade no processo do mensalão, nem foi lançado oficialmente pelo PSB. Isso vai ocorrer, mas ainda sem data marcada pela legenda. A força do pré-candidato surpreendeu principalmente porque ele estava sumido havia pelo menos dois anos. Ao contrário de pretendentes manjados, estava no quase absoluto silêncio, longe do noticiário.

 

Não por acaso, ele próprio estaria surpreso com o potencial verificado na pesquisa. Em termos de comparação, Ciro Gomes e Geraldo Alckmin se apresentam como candidatos há um século, com presença constante na imprensa. Mesmo assim, o ex-ministro do Supremo aparece à frente dos dois em alguns cenários. Daí porque, como era previsível, já é alvo desses adversários.

 

Alckmin e Ciro acusaram o golpe. Imediatamente, partiram para cima do que consideram uma ameaça, com farpas e insinuações. Sabem que Barbosa tira votos exatamente na faixa que os dois sonham ocupar. Ou seja, nem um suposto herdeiro do petismo nem a renovação da voz tucana – o eleitor pode ver no recém-filiado ao PSB aquilo que se chama por aí de terceira via.

 

A candidatura de Barbosa também teria os ingredientes para convencer os segmentos identificados como de centro – nem esquerda nem direita. Seria uma alternativa aos males da tão debatida polarização. Não deixa de ser engraçado porque, afinal, não foram poucas as vezes em que o virtual candidato se mostrou bem raivoso. Mas isso seria um traço de personalidade a ser trabalhado.

 

É o que dizem quase dez entre dez dos analistas que tentam explicar o aparente fenômeno Joaquim Barbosa. Na verdade, ninguém sabe o que pensa o homem sobre grandes temas da economia. Estado forte ou o contrário. Programas sociais. Financiamento com bancos públicos. Meta fiscal. Carga tributária. Agronegócio. O peso do mercado... Tudo é mistério na cabeça do pré-candidato.

 

Pessoalmente, não gosto do jeitão autoritário, com cacoetes de xerife, que ele apresentou em várias ocasiões desde que chegou ao STF e virou uma personalidade pública. Também desprezo a conversa mole que vê no Judiciário, de onde ele vem, alguma qualidade especial. Chega de togados com retórica de salvador da pátria. Isso é balela de fanáticos por Sergio Moro e patota.

 

Seja como for, o ambiente está agitado como nunca esteve de uns tempos para cá. Patinando na obviedade, digo que é cedo para cravar qualquer prognóstico. Uma série de eventuais fatores, de dentro e de fora da política, tem tudo para mexer as peças e alterar o quadro nas próximas semanas. As convenções ainda vêm aí. A campanha está longe das ruas. Sim, o jogo está aberto.

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