Novidades na corrida eleitoral: nossos candidatos a presidente

15/04/2018 03:38 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

De repente, de uma semana para cá, o panorama político-eleitoral mudou. Nos últimos dias, não foram poucas as novidades. Mas, como o bombardeio de informações irrelevantes não cessa jamais, corremos o risco de achar que está tudo no mesmo. Um olhar mais atento, porém, revela que as peças do jogo foram deslocadas – e os atores ensaiam outros capítulos no imprevisível enredo da saga brasileira. Não é exatamente um terremoto, claro, mas algumas ideias sopram mais forte.

 

As supostas novidades sobre as quais vou especular têm explicações precisas. 1) O fim do prazo para troca de partido, filiação partidária e desincompatibilização. São três variáveis relevantes numa única data, o último 7 de abril. 2) A prisão do ex-presidente Lula. 3) Por decisão de um procurador da República, Geraldo Alckmin está fora do alcance da Lava Jato. 4) A denúncia de racismo e outras bandalheiras contra Jair Bolsonaro. 5) Joaquim Barbosa filiado ao PSB.

 

Começo as especulações com o ex-presidente do STF. É praticamente certo que ele vá mesmo ser o candidato do PSB ao Planalto. Até ontem, parecia quase fora do páreo, um tanto esquecido. Agora, já é visto como alternativa consistente, com potencial para seduzir eleitores ávidos por um nome limpo, com autoridade para surfar no discurso de combate à corrupção. Pode atrair um tipo de eleitor que vai da esquerda à direita, incluindo setores vistos como formadores de opinião. E ainda pode ostentar a grife do outsider, o sonho de variados partidos, porque a imagem da política está na lama.

 

Com Aécio Neves abatido (além de outros perigos com a Justiça), a situação do PSDB não é das melhores – mas nem de longe o tucanato vive a tragédia que arrasou o PT. Não há comparação. Se conseguir manter a blindagem, e escapar de uma eventual bala de prata, Geraldo Alckmin é sem dúvida um forte candidato. Quando menos, chega ao segundo turno. Tem base partidária espalhada pelo país, o que lhe garante palanques competitivos na maioria dos estados. O “santo” faz milagres.

 

Direto da pré-história, Jair Bolsonaro baixou o tom de seus grunhidos após ser alvo da Procuradoria Geral da República. A peça que o denuncia é um resumo perfeito de sua mente doentia. De quebra, provando que os herdeiros replicaram o pai, o filhote do animal também foi denunciado à Justiça, igualmente por atos abomináveis. E, como escrevi em outro texto, com a prisão de Lula, Bolsonaro perdeu o inimigo que tanto lhe seria útil. Mas é evidente que ele ainda é uma ameaça. A questão é se terá fôlego por toda a campanha. A gritaria parece pouco para o tamanho do desafio.

 

Entre as forças que vão a campo, a situação do PT é a mais terrível de todas. O partido simplesmente não tem um nome capaz de herdar as intenções de voto para Lula. Fernando Haddad e Jaques Wagner não passam de 2% das preferências. O tal Plano B teria de fazer mágica para conseguir brigar por uma vaga no segundo turno. O quadro é tão dramático que uma alternativa real pode ser desistir da candidatura própria. Aí entra a encrenca de optar pelo apoio a um candidato de outro partido.

 

O nome de Marina Silva também aparece, pela terceira eleição seguida, com força para brigar nas cabeças. Seu problema é a frágil estrutura partidária, além do reduzido tempo de TV na propaganda. Aliás, nesse ponto ela se assemelha a Bolsonaro. Ambos terão de inventar caminhos para superar essas limitações. Cada um com sua turma, não será nada fácil encontrar soluções viáveis.

 

Enquanto escrevia este texto, saiu a nova pesquisa Datafolha. Sem Lula na disputa, Bolsonaro e Marina lideram, com 17% e 15%, nessa ordem. Joaquim Barbosa, Ciro Gomes e Alckmin estão embolados na sequência. O resultado era o que se esperava. Os números não derrubam minhas especulações – talvez até o contrário. Pensando bem, a corrida ainda nem começou. Mas, como disse lá em cima, não há dúvida de que entramos em nova etapa. E o suspense vai demorar.

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..