Nossos representantes em todas as esferas da política não conhecem limites para a comédia e a cretinice. A última presepada de políticos é essa história de alterar o nome de registro nas casas legislativas, para incluir a palavra “Lula”, “Bolsonaro” e até a expressão “Lava Jato”. Por exemplo, o senador Lindbergh Farias solicitou que no painel do Senado seu nome apareça, a partir de agora, assim: Lindbergh Lula Farias. Seria ao mesmo tempo um protesto e uma homenagem.

 

A coisa toda começou com os petistas, não apenas em Brasília, mas em Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais pelo país afora. A ideia é marcar posição em defesa do ex-presidente Lula, preso em Curitiba desde o sábado passado, dia 7. Bastou alguém aparecer com tal iniciativa, e vereadores e deputados estaduais começaram a formalizar o mesmo pedido em seus redutos e paróquias eleitorais. A princípio, não há impedimento legal para a demanda.

 

Depois que parlamentares do PT lançaram essa estratégia de nomenclatura, digamos assim, adversários da esquerda e inimigos mortais de Lula reagiram com a mesma arma piadista. Aí vem o patético de querer adotar o verbete Bolsonaro no sobrenome. E que tal se chamar Zezinho Pereira da Lava Jato Gomes? Pois há esses também, loucamente apaixonados pela seita beligerante nascida no Paraná. Aliás, é claro que não faltaria quem deseje encaixar “Moro” no meio do sobrenome.

 

Não procurei saber quantos de nossos valorosos representantes, aqui de Alagoas, já se manifestaram pela mesma ideia. Como a causa do fenômeno é a guerra em torno do ex-presidente Lula, imagino que a essa altura muita gente deve querer alterar seu registro nominal nas Câmaras e no parlamento do Estado. Uma sacada de tal dimensão ganha adeptos rapidamente. Tenho certeza que logo saberemos de conterrâneos rebatizados nos legislativos.

 

O que pensar diante de um circo como esse? Dá para levar a sério um vereador ou deputado que defende algo assim? E o que dizer do nosso Congresso Nacional? Não há explicação nem de longe razoável para iniciativa tão tresloucada. Depois, nossas lideranças reclamam do achincalhamento geral da atividade política. Ninguém precisa esculhambar a categoria – os políticos se encarregam de fazê-lo com afinco. E não há como superá-los nessa empreitada.