Seis governadores e quatro prefeitos de capital renunciaram aos cargos para disputar a eleição do dia 7 de outubro. De acordo com reportagem da Folha, dois nomes que eram dados como certos nesse grupo acabaram desistindo e vão completar o segundo mandato. São eles os prefeitos de Maceió e de Salvador. Se o tucano Rui Palmeira surpreendeu muita gente ao desistir da candidatura ao governo, mais surpreendente é o caso de ACM Neto, do DEM, na capital baiana.

 

Nos dois casos, a oposição enfrenta agora a duríssima tarefa de construir uma alternativa viável para enfrentar, em Alagoas e na Bahia, os atuais governadores. Na pátria do axé, a decisão do prefeito facilita a vida do governador petista Rui Costa. E no cenário alagoano, os mais apressados já decretaram a reeleição de Renan Filho. As duas situações também se assemelham noutro ponto: a debandada para o barco governista. É cada um brigando para salvar o próprio pescoço.

 

Como disse, o caso do herdeiro político de Antonio Carlos Magalhães é muito mais grave do que o do filho de Guilherme Palmeira. ACM Neto, informam as pesquisas, tem altíssima aprovação popular como gestor de sua cidade. Era tido como forte candidato ao governo. Além disso, é um dos caciques nacionais do Democratas e, nessa condição, tem como uma de suas missões o crescimento da legenda no país. Ainda assim, desistiu de concorrer na última hora.

 

Ao falar sobre sua decisão, o prefeito de Salvador disse que agiu “com o coração”, e que optou por completar o trabalho na prefeitura – “para deixar um legado”. Ele comentou ainda que é jovem, tem 39 anos, e pode disputar o comando de seu estado mais adiante. Aqui, Rui Palmeira tem 41 anos e, penso eu, também não precisava de açodamento, ao menos sob esse aspecto da idade. Pode adiar para 2022 uma candidatura ao Palácio dos Palmares. Não é o fim do mundo. 

 

Claro que a decisão de ambos provoca estragos, sérias consequências políticas entre os aliados. “Vamos ter que recomeçar as conversas do zero”, afirmou à Folha o presidente do DEM em Alagoas, Thomaz Nonô. Mas o cálculo eleitoral não é tudo. Escrevi aqui, mais de uma vez, que o melhor caminho para o prefeito de Maceió era ficar no cargo e terminar a jornada de oito anos. Sua posição não o diminui, é exatamente o contrário. Vamos ver qual será o seu legado.