A nobreza do mundo habitado por procuradores do Ministério Público Federal se revela a cada vez que alguns deles dão mostra de suas qualidades intelectuais. Foi o que ocorreu no dia em que o STF decidiu rasgar a Constituição, ao negar o pedido de habeas corpus para o ex-presidente Lula. Durante o julgamento, uma turba formada por membros dessa casta provou que certas autoridades não podem reivindicar o nosso respeito. São elas próprias que se desmoralizam.

 

A imprensa informa que, bem ao estilo de torcidas organizadas do futebol, bandos de procuradores acompanharam a sessão do STF em clima de decisão de campeonato. E, tal como os pit bulls desocupados das arquibancadas, os meninos do MPF não se contentaram com a condição de expectadores. Partiram para a depredação moral dos integrantes da suprema corte do país.

 

E como a imprensa soube do comportamento desvairado dessas autoridades ao longo da reunião no STF? Elementar. É claro que eles não resistiriam à vertigem das redes sociais. Por quase onze horas, tempo que durou a sessão, fizeram de tudo em termos de ofensa, piada e ironia com o andamento dos votos. Montagens e trocadilhos revelam o grau de descompostura a que podem chegar.

 

Na mais pornográfica das manifestações, um deles fez uma montagem com uma foto de uma reunião de militares. Sobre a imagem, aparecia a frase: “Exército assistindo ao julgamento do STF”. Ou seja, a julgar pela cretina manifestação, estavam exaltando a pressão descabida do comandante Eduardo Villas Bôas, que na véspera da sessão fez clara ameaça sobre as instituições. É nojento.

 

A mesma patota se diz preocupada com a “onda de ódio e preconceito” na Internet. Essas “otoridades” não vacilam em processar jornalistas que, pelo meio virtual, criticam suas presepadas. Mas os procuradores fazem exatamente o mesmo; usam as redes para achincalhar a honra dos outros – com o agravante covarde de se protegerem atrás da muralha de uma poderosa corporação.

 

Uma das novidades na reedição do Manual de Redação da Folha são as regras para seus jornalistas quanto à utilização das redes sociais. Acertadamente, a Folha lembra a seus funcionários que ao se manifestarem, ainda que expressem opiniões pessoais, o leitor pode identificar suas eventuais idiossincrasias com a posição do jornal. E isso é um problema sério que deve ser evitado.

 

Outras empresas também adotam a mesma postura da Folha. O Ministério Público deveria pensar a respeito. As estripulias ridículas de seus integrantes serão sempre automaticamente vinculadas à instituição. Como ninguém segura o ímpeto febril dos garotos, seus faniquitos virtuais servem apenas para sujar o conjunto do MP. Alguém precisa agir, antes que eles comecem a publicar nudes.

 

Por enquanto, e numa espiral cada vez mais lacradora, como naquele clássico da arte musical brasileira, na interpretação definitiva do Bonde do Tigrão: Vai, vai... Até o chão... Elas estão descontroladas.... Lamento, mas assim não dá. Sobriedade, senhores!