Na base do fuzil e de orações

03/04/2018 16:40 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Deltan Dallagnol e Marcelo Bretas, dois cristãos fervorosos, estão orando sem parar pela prisão do ex-presidente Lula. A dupla trocou mensagens pelas redes sociais e, mais uma vez, patrocina um patético show de demagogia. Dallagnol é o procuradorzinho de “bochechas rosadas” que recebe auxílio-moradia, mesmo tendo residência própria. Bretas é o juiz do Rio de Janeiro que embolsa não apenas um auxílio-moradia, mas dois – ele e sua senhora, morando sob o mesmo teto.

 

O riquinho do Ministério Público Federal também anunciou que está fazendo jejum, para convocar as energias divinas contra o desgraçado do petista que governou o Brasil por oito anos. Já seu colega magistrado declinou da convocação para segurar o apetite voraz. Deve ter pensado que o inimigo não vale tamanho sacrifício. Que autoridades são essas, Jesus de Belém?! Esses caras pensam que são pastores, pregadores, santos... Nem sei se tudo isso é mais revoltante ou mais ridículo.

 

Como escrevi em texto anterior, o fanatismo ideológico apela até para as forças do além em defesa de seus pontos de vista. Do mesmo modo, a seita da Lava Jato curitibana é capaz de tudo, inclusive de assediar Deus e os anjos para alcançar seus objetivos. O bizarro é que essa turma, quando é de seu interesse, ataca aqueles que não respeitam a laicidade do Estado. A pilantragem intelectual é a marca registrada desses elementos que pretendem manietar até o voto livre do eleitorado.

 

Vejam que combinação saudável para o futuro do país. A internet está inundada por vozes que aliam orações ao Todo-Poderoso a gritos em louvor de Jair Bolsonoro. Sim, a direita que se vende como esclarecida e bem-informada se ajoelha para os dez mandamentos e para a cartilha infernal do troglodita. Tudo com a mesma devoção, com o mesmo grau de misticismo de legiões inquisidoras. Nas imagens reproduzidas por esses grupos, os símbolos da guerra são a cruz e o fuzil.

 

É esse tipo de cidadão de bem que Dallagnol e Bretas seduzem com suas rezas e safadezas retóricas. Nesta quarta-feira o STF decide se Lula será ou não preso após a condenação em segunda instância. Os ministros deveriam decidir de acordo com a Constituição, mas, nos tempos em que vivemos, a letra da lei e nada são a mesma coisa. Por isso, prosperam nos quatro cantos as ideias de linchamento para todo aquele de quem discordamos. Fazer o quê? Oremos!

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