CSA, CRB e cartolas: quem suborna quem na hora do jogo?

28/03/2018 17:08 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Rafael Tenório é um empresário de sucesso, dizem jornalistas por aí afora. Não sei desde quando, o milionário homem de negócios decidiu levar seu talento ao mundo do futebol – e virou presidente do CSA. Tenório, aliás, não foi eleito, foi aclamado. Na época da escolha da nova diretoria, ele impôs seu nome com a condição de não ter adversário na “eleição”. Ganhou a disputa sem disputar. Por essa metodologia eleitoral, dá para especular sobre o DNA democrático do personagem.

 

Empolgado com a carreira na cartolagem, o hoje dono do CSA resolveu ampliar suas boas ações. Para isso, entrou em partido político e sonha com uma cadeira de senador. Desde o ano passado, não atravessa um dia sem algum lance de pré-campanha. Diante do atual quadro, não sei se ainda está com essa ideia na cabeça. A inflação de candidatos dificulta, e muito, os planos do comerciante. Infelizmente, para ele, não há como concorrer sem concorrentes, como fez no mundo da bola.

 

Falo sobre o cartola da “renovação” depois de ouvir o tal áudio em que ele trata da decisão do Campeonato Alagoano. Como você sabe, CSA e CRB fazem a grande final este ano. A parada será resolvida em dois jogos, sendo o primeiro no próximo domingo (01/04). Em conversa pelo WhatsApp, Tenório diz que o CRB ganhou os dois últimos campeonatos por meio de suborno, comprando árbitros e jogadores do próprio CSA. A acusação, é claro, inundou as redes sociais.

 

No bate-papo com seu interlocutor, o mandachuva do Azulão explica como pretende impedir que o Galo seja campeão repetindo a jogada à base de propina. Prestem atenção: Este ano vamos botar pra foder. Vou blindar todos os meus atletas. Agora quem vai subornar os jogadores do CRB sou eu. Deve ser uma estratégia de contra-ataque. O deputado Marcos Barbosa, presidente do CRB, reagiu, no mesmo tom e com os mesmos termos nobres da velha língua portuguesa.

 

Ouvido pela Gazetaweb, Tenório deu uma curiosa explicação – que nada explica sobre suas acusações. Primeiro, ele nega o conteúdo da gravação, embora sua voz esteja lá sem qualquer fio de dúvidas. Em seguida, informa que estava apenas conversando com um “amigo delegado e candidato ao Senado”.  Quem seria? Com esse nível de esquema tático, talvez seja melhor o cartola ficar em silêncio. A alternativa é revelar os nomes dos que foram comprados ou revendidos.

 

O episódio não terá maiores desdobramentos, afora o barulho no mundo virtual e entre torcedores mais engajados. Não teremos, suponho, nada parecido com alguma investigação sobre as palavras do moderno empresário. Mas a presepada serve para nos lembrar da qualidade de certa elite financeira que se pretende a receita de salvação na vida pública. Se a bandalheira na política, sozinha, já provoca estragos inomináveis, em parceria com a bandalheira na cartolagem, então... Já era!

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