A Polícia Militar deve ser extinta?

25/03/2018 20:57 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Tem que acabar. Eu quero o fim da Polícia Militar. Essa cantoria foi ouvida em diversos protestos depois do assassinato da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro. Mas é claro que a palavra de ordem contra a PM não é novidade. Defender a extinção das polícias – ou a desmilitarização das forças de segurança – é quase um dogma entre muitos intelectuais catalogados à esquerda.

 

Para todos aqueles com uma queda para a iconoclastia geral, é uma tese bastante atrativa. Não há manifestante de rua que não se empolgue com a proposta de extinguir a PM. Essa ideia é uma resposta a uma tradição de autoritarismo, truculência e violação da lei que atravessa a história das polícias. Ao cidadão comum, antes de qualquer coisa, o aparato oficial é motivo de medo.

 

O período de 21 anos de ditadura militar também é apontado como fator decisivo na consolidação de uma PM que atira primeiro e pergunta depois. Para essa polícia, o suspeito número um, por qualquer crime, é sempre o mesmo: pobre e negro. Essa acusação recorrente tem muito de oportunismo político; é praticamente um mandamento na cartilha de guerrilheiros com mesada dos pais.

 

O que fazer, então? Não pergunte isso a um bolsonarista. Porque se o radicalismo de um lado não resolve nada, na outra faixa as soluções recuam aos tempos da lei da selva. Como já escrevi aqui, o mal de origem é a formação das tropas. E isso continua em nossas corporações. No topo da segurança pública estão trogloditas travestidos de gestores modernos. É assim em Alagoas.

 

Polícia para quem precisa, diz o antigo versinho cantarolado por rebeldes do Rock Brasil. Os acordes da rebeldia patrocinada serviram para embalar aventuras mirabolantes, mas como receita prática não significam nada. Que o conjunto da obra em nossas polícias é tenebroso, não tenho dúvidas. E não há sinal de avanço. Demagogia e amadorismo predominam quando o tema é segurança.

 

Nas eleições que estão chegando, o assunto estará entre os mais debatidos. Mas não espere ouvir grandes ideias, realmente sérias, baseadas em estudos e experiências comprovadas. O que já aparece na janela é gente adepta à filosofia do prendo e arrebento, do mantra segundo o qual bandido bom é bandido morto. É esse tipo de tranqueira que fala em “renovação”. Piada!

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