Pelo que se fala nos quatro cantos da imprensa brasileira, o maior cabo eleitoral em 2018 serão as redes sociais. E no campo de batalha virtual, de fato, a caça ao voto já começou faz tempo. Com os meios de comunicação tradicionais embasbacados com a gritaria na internet, a influência desse fenômeno definitivo será cada vez mais relevante. É mais ou menos por aí.

 

Uma novidade: a eleição deste ano é a primeira no país em que será permitida a propaganda paga na internet. Na prática, o candidato pode patrocinar o chamado impulsionamento de conteúdo, ou seja, pagar para que suas postagens em redes sociais se espalhem por um público muito mais amplo. É o que fazem empresas que hoje usam as redes para alcançar potenciais consumidores.

 

Isso aí é o mecanismo dentro da lei, permitido pela legislação após a minirreforma aprovada pelo Congresso Nacional no ano passado. Em tese, a Justiça Eleitoral terá os meios para acompanhar a aplicação da nova regra por candidatos e partidos. Pelo menos é o que garantem as autoridades. Políticos em geral já atuam nas redes com bastante desenvoltura. O que não quer dizer que isso seja necessariamente coisa boa. Na campanha, estarão ainda mais atuantes e abusados.

 

Agora, o que ninguém consegue controlar é a guerra suja nesse ambiente em que internautas podem tudo, xingam todo mundo e divulgam qualquer barbaridade, qualquer tipo de infâmia, como se fosse a mais inocente das verdades. Como impedir o trabalho delinquente em favor de candidatos? Aí as respostas são mais complicadas. Nesse caso, a lei está muito longe da realidade.

 

A cada semana surgem sites e perfis nas redes sociais cuja pureza se resume exclusivamente à aparência. Estão na verdade a serviço de grupos políticos que financiam tudo na moita. Os mais sofisticados na traquinagem, digamos assim, têm registro fora do país; é uma esperteza para dificultar a identificação dos responsáveis e escapar de eventuais processos na Justiça.

 

Seja como for, é a nova realidade para todos, e isso quer dizer que não adianta rejeitar o que é irreversível no avanço das tecnologias da informação. Como sempre, veremos o resultado dessa novidade na prática, quando a campanha começar oficialmente. Desconfio que, se o vale-tudo sempre imperou na briga pelo voto, agora é que a bagaceira tem tudo para ser avassaladora.