Uma universidade divulga a lista dos aprovados em seu vestibular. Os selecionados comemoram, cortam o cabelo, raspam sobrancelhas, tomam umas cervejas e avisam os amigos que uma nova etapa vai começar em suas vidas. Centenas de famílias se orgulham dos seus que agora chegam ao ensino superior. De repente, a tragédia: era tudo mentira e o listão é anulado.

 

Estou falando do inacreditável episódio envolvendo a Universidade Estadual de Ciências da Saúde (Uncisal). O responsável pela lambança é o tal instituto AOCP, com sede no Paraná, contratado pela instituição alagoana. A explicação da empresa organizadora das provas é tão singela quanto obscura: um erro técnico. E agora? Uma nova lista muda completamente a relação de aprovados.

 

Falar em tragédia não é exagero. Os relatos dos vestibulandos enganados revelam o drama que atinge uma multidão de jovens. Reportagem aqui no CADAMINUTO traz o exemplo de uma garota aprovada em medicina – na lista inicial – e reprovada na relação posterior. Ela conta que vive os piores momentos de sua vida, trancada no quarto, sem coragem de sair à rua.    

 

Diante de tudo isso, qual a credibilidade na segunda relação dos classificados? A meu ver, nenhuma. Por isso, a universidade deveria, sim, anular tudo e fazer novas provas, com a contratação de outra empresa para organizar o concurso. Além disso, o governo, que administra a Uncisal, deveria prestar apoio aos candidatos atingidos pelo vexame e levar a AOCP a responder pelo erro na Justiça.

 

Até agora, no entanto, o que vi foi a reitoria da Uncisal numa postura passiva, tratando com salamaleques o instituto que provocou esse terremoto na vida de tantas pessoas. O que é que há? Por que essa reação quase tediosa frente a algo de tamanha gravidade? Aliás, o governo estadual deveria, além de anular o vestibular, pedir desculpas às vítimas dessa presepada.