Apesar de ter a sua devida importância, o relatório que será entregue à ONU não terá implicações jurídicas nem vai afetar as decisões da justiça brasileira, mas poderá ter desdobramentos políticos.

O relatório será feito e entregue na segunda-feira (29) pelo advogado australiano Geoffrey Robertson, que já trabalhou como promotor em ação de direitos humanos contra o general Augusto Pinochet e também participou de acusações contra o cartel de Medelín.

Robertson acompanhou o julgamento do ex-presidente Lula presencialmente e adiantou ter visto, com tristeza, normas internacionais sobre o direito a um julgamento justo serem descumpridas no sistema brasileiro, o que é impensável numa corte europeia.

Reclamou e ficou preocupado com a opinião formada pelos três magistrados por terem levado os seus votos prontos e escritos, evidenciando que tinham opinião formada antes de ouvirem a defesa.

E estranhou o fato de o promotor Mauricio Gotardo Gerum, responsável pela acusação, sentar-se junto do relator e ter conversas particulares com os desembargadores ao longo do julgamento e ainda de ter almoçado ao lado dos três juízes.

Deixando essa questão da ONU para o futuro, os dias que estão por vir também trarão novos fatos sobre justiça e política. O Supremo Tribunal Federal (STF) está pressionado e deve rediscutir, após o recesso, se réus condenados em segunda instância, caso de Lula, podem já começar a cumprir a pena.