Mesmo com a condenação em segunda instância, a cúpula petista garante que não haverá recuo na candidatura de Lula. Não existe Plano B, informam os caciques do partido. Todos os recursos possíveis serão usados para garantir o nome do ex-presidente na urna eletrônica, na eleição marcada para 7 de outubro. Afinal, sustentam o PT e seus aliados, uma disputa sem Lula “é mais um golpe”.

 

Ocorre que tal postura não combina com uma ameaça real, a esta altura bem mais do que provável: seguindo-se o roteiro que vem sendo escrito há pelo menos dois anos, Lula não escapará da prisão e estará inelegível em decorrência da Lei da Ficha Limpa. Diante da perspectiva de um cenário inevitável – ou seja, Lula barrado na eleição –, o discurso partidário não vale nada.

 

É evidente que o PT fala uma coisa em público – Lula será candidato –, mas debate o contrário em particular. Sem ele, qual a liderança de peso no partido com foça para brigar pela vitória no voto. Analistas espalhados pela imprensa repetem dois nomes com alguma insistência: o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o ex-governador da Bahia Jaques Wagner. Parece complicado. E é.

 

Ao que parece, esses nomes são citados mais por falta de melhores opções do que pelo potencial que teriam na eleição. Qualquer outro petista cogitado será tão discutível quanto os dois citados. Já era assim com Lula elegível. Com ele impedido, a situação ganha cores dramáticas entre os companheiros. Em toda a trajetória do PT, ninguém fez sombra à liderança absoluta de Lula.    

 

Cogita-se também uma candidatura de outro partido, com o apoio do PT. Ciro Gomes, do PDT, e Manoel d’Ávila, do PC do B, são as alternativas que se apresentam. É também uma solução que parece pouco provável. No caso de Ciro, ninguém confia num sujeito que diz uma coisa agora e, no dia seguinte, afirma o contrário. E a candidata comunista é uma ilustre irrelevância.

 

Não se pode cravar nada em definitivo na política. No Brasil de hoje, então, arriscar um prognóstico sobre os rumos eleitorais é quase suicídio. Ainda assim, pelo que temos a partir de hoje, o PT terá sim um Plano B, mesmo que a escolha, no momento, seja um tremendo mistério. E o papel de Lula, não sendo ele o candidato? Será exatamente como em 2010: tentará eleger outro poste.