A descabida homenagem a João Doria

19/10/2017 14:20 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Digamos que um título de Cidadão Honorário tenha alguma importância no mundo em que vivemos. Digamos também que a concessão do referido título a uma personalidade será um acontecimento de impacto na vida de um aglomerado urbano. Se você considera que esse tipo de ação é do jogo político natural, que pode até render justas homenagens, então vamos falar de João Doria Jr.

 

Como se sabe, o prefeito de São Paulo será agraciado com o título de Cidadão Honorário de Maceió. (Os jornalistas Vanessa Alencar e Luiz Vilar já escreveram sobre o assunto). Se tudo correr como esperam as partes envolvidas, o evento será no próximo dia 27. A iniciativa naturalmente partiu da estranhíssima Câmara Municipal da cidade. Todos os vereadores apoiam.

 

A pergunta obrigatória é também a mais óbvia: quais as justificativas para contemplar Doria com tamanha distinção? O escolhido deve ostentar uma lista de serviços prestados à capital alagoana. Em situações de inútil normalidade, cerimônias oficiais não produzem nada além de burocracia e troca de afagos entre senhores de interesses comuns. Vez por outra, dá confusão.

 

A motivação dos vereadores é escancaradamente descabida. A única razão concreta para o título a Doria é a campanha eleitoral do homenageado rumo a 2018. Ele abriu uma guerra no PSDB ao atropelar seu padrinho político, Geraldo Alckmin, até um dia desses o nome dos tucanos na eleição para presidente no ano que vem. Agora, os dois agem como inimigos.

 

Na sua tentativa de emplacar a candidatura, o prefeito percorre o país em busca de atenção além das divisas paulistanas. É uma estratégia seguida rigorosamente. Não deu muito certo em Salvador, quando Doria também foi receber o título honorário na Câmara Municipal. Acabou sendo alvo de uma chuva de ovos. Protesto semelhante pode se repetir em Maceió. 

 

Curioso é que basta pensar naquela máscara de maquiagem para afastarmos qualquer sintonia entre Doria e o Nordeste. Aliás, quando presidiu a Embratur, na remota década de 80, ele queria transformar a seca em atração para visitantes. Era o Turismo da Miséria. Este é o homem que terá nosso reconhecimento como grande coisa na vida brasileira. Seja contra.  

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