1. Dizem alguns que você não pode comentar decisões da Justiça, porque isso é para especialistas. Logo, se o Direito não está entre as áreas de sua educação formal, considere-se desautorizado para falar qualquer coisa. Discordo, é claro. Por isso tratamos aqui, de vez em quando, do que se diz nas sentenças e nos tribunais, nas palavras de juízes, desembargadores e ministros.
2. Quando uma sentença percorre páginas e páginas com digressões políticas e palavras de ordem, boa coisa não teremos no desfecho. Assim também são alguns votos no STF, quando os ministros estão mais preocupados com a plateia do que com a aplicação das leis. O caso Aécio é mais uma dessas oportunidades em que o Supremo, rachado, até ameaça uma bomba: fazer o certo.
3. Na república das delações, quem se lembra de tudo o que já foi revelado nos últimos três anos? Se o que dizem todos os delatores está valendo, tudo é possível, até mesmo a anulação do processo de impeachment que cassou o mandato de Dilma Rousseff. A tese veio a público após vídeos do delator Lúcio Funaro, autor de acusações que atingem uma multidão.
4. Ciro Gomes, o coronel do Ceará, continua alternando os discursos de defensor e acusador de Lula. Depende da plateia. Quando fala a estudantes, jovens e sindicalistas, denuncia a perseguição a um ex-presidente que veio do povo. Quando discursa para empresários e gente do mercado financeiro, aí Lula é tratado como alguém que traiu ideais e sujou as mãos. Ciro é um caso clássico.
5. Prefeitos alagoanos vão a Brasília pedir ajuda financeira. Alegam que uma crise da moléstia está acabando com os municípios. Como escrevi em texto anterior, a marcha rumo à capital do país era um movimento previsível. Prefeituras quebradas cobrando dinheiro da União é uma de nossas tradições incontornáveis. A sequência dos fatos reafirma isso tudo.
6. Voltemos ao STF. Com decisões recentes que vão na contramão do que já foi julgado ali mesmo, no Supremo, os ministros parecem determinados à revisão intempestiva de seus próprios votos. É nesse ambiente que prospera a ideia de rever a regra de prisão logo após sentença condenatória na segunda instância. Essa regra, aliás, mostra que a faca continua no pescoço do STF.
7. Judiciário. Planalto. Arte. Eleições 2018. O pensamento sobre o dia a dia anda por essas palavras e esferas da vida pública. Mas é claro que o repertório mudará com alguma rapidez. Enquanto isso, envio novas ideias soltas, direto da zoada típica do universo da informação.