Nosso futebol dominado pela máfia
Hoje, Alagoas pode escalar um segundo time na Série B do Campeonato Brasileiro. A missão está nos pés dos craques do CSA, no jogo da vida contra o perigosíssimo Tombense. Mas a jogada aqui será outra. Nunca houve, no Brasil, tanto debate sobre ética no futebol. A cada cobrança de lateral, a cada bola na trave, entre um escanteio e um drible da vaca, o bate-boca sobre honestidade entra em campo e sobe as arquibancadas.
Nada tão pertinente. O esporte mais popular no país sempre foi um laboratório de trambiques, politicagem e lances escandalosos de marmelada. A Confederação Brasileira de Futebol não passa de um aglomerado de dirigentes mafiosos, com representantes de todas as divisões, em todas as federações estaduais. A retranca dos marginais para manter o placar da goleada a favor da bandidagem é indevassável.
No comando da organização criminosa, ou seja, na presidência da CBF, está a figura bizarra de Marco Polo Del Nero. Acusado de lavagem de dinheiro e fraudes para receber propina, o elemento é alvo até do FBI. Por isso virou um refugiado na própria casa e não pode deixar o Brasil sem correr o risco de ser preso. Um vexame internacional, esse desmoralizado manda como quer no futebol brasileiro.
Herdeiro de uma tradição corrupta, Del Nero tem o pleno apoio de clubes e federações, todos domesticados à base de benesses variadas e repasse de dinheiro. As luvas compraram o voto na eleição; a mesada compra a cumplicidade permanente. Com esse esquema tático degenerado, o Brasil Futebol Clube afunda na última divisão.
Apesar dos escândalos mundialmente conhecidos, não temos em vista nenhuma chance de virar o jogo. Basta olhar ao nosso redor. Carreiristas da política tomaram os clubes de assalto e agem exclusivamente em nome de seus interesses pessoais. Fazem dos times de futebol currais eleitoreiros, com os piores métodos de gestão e chutes de autoritarismo.
Perto de tudo isso, o gol de mão, o impedimento não marcado e a simulação de pênalti não passam de truques em campeonatos juvenis. O debate sobre a ética nos gramados pode até pegar fogo e incendiar as torcidas, mas estamos bem longe do que é urgente pra valer. Nosso futebol tem de sair das garras dessa máfia.
No mais, bola pra frente e toda sorte ao CSA!
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