O troca-troca de nomes em prefeituras e governos estaduais segue em ritmo desenfreado por todo o país. Por aqui, todos os dias ouve-se falar em titulares de cargos ameaçados de despejo – e, para se completar a operação, também se ouve falar dos candidatos a ocupar o lugar dos despejados. Algumas mudanças já ocorreram e outras estão a caminho.

 

Desgraçadamente, o que move essa frenética “reforma de secretariado” não é qualquer planejamento estratégico para incrementar a gestão pública. Exonerações e nomeações no Diário Oficial passam longe dos critérios de desempenho e competência. É a política, sua besta, dirão a mim os nossos bem-informados especialistas em bastidores do poder. A eleição de 2018 está logo ali.

 

É isso mesmo. E é também um tanto chocante como nos acostumamos com essa prática, tratando com naturalidade, e até com alguma reverência, aquilo que não passa de um casuísmo rasteiro e escancarado. O resultado dessa miserável filosofia de governo jamais dará resultados positivos para a população. Teremos sempre um time jogando em função de metas eleitoreiras.

 

A substituição de um secretário desencadeia mudanças em cascata numa equipe que será chefiada, agora, pelo novo titular do cargo. E aí, lá se vai para o lixo um conjunto de ideias e projetos que estava em execução pelos desalojados. Claro, o novo dono do pedaço chega abarrotado de planos originalíssimos, disposto a começar tudo a partir do zero.

 

O mal atravessa toda a máquina burocrática brasileira, do governo federal aos municípios. É uma tradição intocada ao longo de nossa história. Uma reforma política pra valer teria de implodir essa aberração consagrada no país. Mas, olhando para o Congresso Nacional, não há qualquer vestígio que aponte nessa direção.

 

Pelo contrário. O cenário desolador insinua que estamos condenados a um estado de coisas que despreza o interesse do país de maneira obsessiva. Não é por outra razão que, por exemplo, prefeitos se sentem à vontade para montar suas equipes nomeando a mãe, a mulher, o genro e os filhos para ocupar os principais cargos na administração pública. Desde sempre, não há perigo de dar certo.