Podemos. Avante. Livres. Patriota. Até agora, e até onde a paciência nos permite saber, esses são apenas os primeiros dos novos nomes dos velhos novos partidos na política brasileira. Nem todos estão formalmente rebatizados, mas a decisão pela mudança já está tomada. Outras legendas estão na fila para trocar o registro original na certidão de nascimento.
O surto de renovação – restrito naturalmente à nomenclatura – teria como inspiração alguns fenômenos eleitorais vistos no continente europeu. Não que nossas lideranças estejam em dia com eleições fora do cercado paroquial. Nem precisa. É para isso que existe o marketing.
Como se sabe, marqueteiro que se preze trama suas estratégias a partir de avaliações globais. Cronicamente inventivos, não resistem à tentação da reciclagem e do transplante de ideias à deriva. E parece ter sido assim que velhos caciques da política se convenceram da urgência: é hora de mudar.
Qual o impacto que tudo isso terá nas imprevisíveis eleições do próximo ano? Não dá para saber, mas desconfio que o mais provável será uma influência não muito acima de zero. Para os partidos, desnorteados e fora da realidade, é o máximo que conseguem. Com uma essência imutável, alucinadamente reacionária, que se mude a fachada.
Some-se a isso um arremedo de reforma política, em votação pelo mais degenerado Congresso Nacional de nossa História, e a coisa toda afunda um pouco mais. O que está em jogo no pantanoso legislativo federal não é a busca por uma forma mais racional de votar, muito menos a fixação de normas para derrubar o custo do financiamento de campanha.
Parlamentares têm como objetivo exclusivo a garantia de dinheiro para a renovação automática do mandato. Em nome desse objetivo, quaisquer formalidades e regras, por mais insanas que sejam, servem à perfeição.