Sete testemunhas foram ouvidas na audiência instrução do caso Joana Mendes, professora assassinada em outubro de 2016 pelo ex-marido Arnóbio Henrique Cavalcante Melo, realizada nesta segunda-feira, 19. Foram ouvidas três testemunhas arroladas pelo Ministério Público Estadual (MP/AL) e quatro pela defesa, que falaram sobre o relacionamento entre a vítima e o réu.

Entre as testemunhas ouvidas estão à empregada doméstica há mais de 22 anos da família do réu, Damiana Gouveia, que encontrou a faca do crime na garagem da casa da mãe de Arnóbio Henrique, o irmão dele Pedro Hudson Cavalcante Filho e o amigo Christiano Eduardo Leite Beltrão.

Em depoimento, Christiano Beltrão disse que já tinha aconselhado o amigo a terminar o relacionamento e que recebeu a notícia do assassinato de Joana com “surpresa e perplexidade”, disse ainda, que estava viajando pra um jogo em Natal quando viu uma matéria num grupo do whatsapp.

“Aparentemente nós percebíamos que ele não era feliz com ela. Hoje acho que ele está melhor do que antes. Nós o notávamos abatido. Eu, pessoalmente, não o via feliz com a Joana”, declarou a testemunha.

A irmã de Joana Mendes, Júlia Mendes, contou que desde o começo do relacionamento o comportamento de Joana Mendes mudou bastante, eles não tinham muitos amigos e o único lugar que frequentavam era a casa dos pais dela.  A mudança da vítima assustou a família, segundo a irmã, pois Joana era uma pessoa muito espontânea, alegre e que tinha muitos amigos.

Segundo Júlia, a irmã não podia cumprimentar os amigos direito, no máximo, era permitida a apertar a mão dos outros e que ele tinha ciúmes até da família da vítima. Ela também contou que após alguns relatos das brigas entre o casal e a família se preocupar com Joana, a vítima parou de contar o que estava acontecendo entre eles.

Quanto a violência física, Júlia Mendes disse que nunca presenciaram a agressão, mas notavam alguns sintomas de que havia algo de errado acontecendo.

 “A gente notava machucados, manchas roxas na pele, nos braços, às vezes, nas pernas, e eram sempre as mesmas desculpas, que é comum em casos de violência doméstica, que são 'ah, bati no móvel', 'bati na porta', 'eu torpecei, eu cai', sempre aquela negativa de quem sofre a violência, mas pelo fato de gostar da pessoa, de confiar você acaba negando que está sofrendo”, contou.

 Júlia Mendes contou ainda que no dia do crime, por volta das 18h, o pai do filho mais velho de Joana ligou para ela pedindo para buscar o filho deles na aula particular, já que Joana teria combinado de buscá-lo às 16h e ainda não tinha chegado.

Segundo o advogado de defesa, Raimundo Palmeira, ainda não há uma tese defensiva para o caso e foi feito um pedido para a realização de um exame de impressão digital, no cabo da faca, para que seja possível saber se houve atrito entre a vítima e o réu no momento do crime. Palmeira, afirma que seu cliente continua muito nervoso com a situação e não se lembra de detalhes do ocorrido.

“Quando nós temos um depoimento do réu em que ele demonstra lembrar perfeitamente dos fatos, nós temos já de início uma linha defensiva a seguir. Então hoje, nós não temos uma linha defensiva clara porque ele apresenta uma memória lacunar escura dos fatos. Estamos procurando investigar o que houve. É muito importante precisar que a tese deve ser construída sob fatos concretos, precisados”, disse Palmeira.

A juíza Lorena Carla Sotto-Mayor, da 7ª Vara Criminal da Capital encerrou a audiência no fim da tarde desta segunda, mas dará continuidade no dia 4 de julho, onde mais testemunhas da defesa, uma do MP e o réu, Arnóbio Henrique, que será ouvido através de videoconferência a pedido da defesa.

*Com Ascom TJ/AL