A comunidade, hoje com 226 famílias, surgiu no entorno do antigo Lixão de Maceió e, fica localizada na parte alta do bairro de Jacarecica, em Maceió,AL, com vista para o mar.
Bolsão de miséria tendo mansões, como vizinhas do entorno.
A comunidade tem o nome de Vila Emater e tudo lá é clandestino, da energia, a água utilizada no local,até o direito à cidadania.
São 226 famílias que vivem em condições sub-humanas ,ruas de terra batida, com esgoto correndo a céu aberto e incontáveis arremedos de moradias.
O lar das famílias são inúmeros barracos erguidos em madeira, papelão, lona e diversos outros materiais reciclados.
A Vila Emater é um espaço cheio de inoperâncias institucionais que massacram as expectativas e possibilidades de vidas. É uma visão dantesca da sofisticada burocracia estatal,que exclui e mata, um nefasto legado da escravidão.
O Instituto Raízes de Áfricas, com participação da enfermeira Carla Perdigão, militante preta Fernanda Monteiro, e José Augusto, realizou, no sábado dia 22 de abril, a Oficina Discutindo Violência com as Crianças da Vila .
Participaram um bocado de crianças e adolescentes com olhos curiosos , pés descalços e corpos desumanizados, ecos da infância encurralada pela ausência de perspectivas:- Faz uns três anos que não vou ao médico diz a menina de 10 anos. Também não faço exames nem de sangue, nem de vermes. Fecharam o Posto de Saúde que tinha aqui.
Conversamos sobre violência:- Por aqui a gente vê muita gente morta no meio da rua. É normal- diz o menino aos 12 anos.
- Violência para mim é a Prefeitura de Maceió ter fechado a creche da comunidade. A gente tem que sair daqui e estudar em outro lugar. O ruim é porque o ônibus que leva a gente é velho- fala outro.
Faz dez anos que a comunidade da Vila Emater aguarda o fim do imbróglio jurídico para tomar posse em definitivo do terreno doado pelo governo do Estado para construção de um habitacional, conjunto de casas e apartamentos que serão financiados pelo programa federal 'Minha Casa, Minha Vida'.
E o menino afirma, com o peito cheio de angústia:- Para mim, tia, violência é quando tiram os direitos da gente.
129 anos após, a abolição inacabada aprisiona, dentro do racismo, o povo, principalmente, pobre , preto e periférico.
O Estado é genocida.