O menino Samuel morava em uma das grotas da grande Maceió, AL, bolsões humanos onde a pobreza excessiva é castradora e incapacitante.
Na maioria das grotas, as crianças gozam de uma liberdade, sem vigília, ou controle, fruto de famílias já desestruturadas pela falta de perspectivas.
Algumas famílias desafiando as expectativas e rompendo barreiras investem no seguir, além do destino pré-determinado, pelo olho aguado/ausente dos governos em relação a políticas públicas sociais estruturantes e efetivas.
O menino Samuel, aos 7 anos, deveria ser um menino como tantos outros, com sonhos de soltar pipa e ser igual ao seu herói.
Não o era.
Samuel era produto da negligencia emocional familiar, a toxicidade do abandono, e há, por aí tantas crianças, como ele.
Qual seria o herói de Samuel?
As grotas, espaços de subterrâneos sociais , onde a pobreza excessiva é castradora e incapacitante,são cenários disputadíssimos, em período pré eleitoral.
Espaços onde a arquitetura conceitual dos governos desvirtua o conceito de humanização, a partir da construção de concretos.
Humanização parte de um processo de ouvir pessoas, discutir direitos, criar igualdade de oportunidades para todos que ali vivem.
Sem isso não haverá nenhunazinha revolução social.
Samuel aos 7 anos foi morto por outra criança como ele, de 13 anos.
As grotas pela flagrante ausência dos governos vão se tornando um novo campo do lento extermínio dos "descartáveis", e o povo assiste a tudo isso em um petrificado silêncio social.
O menino Samuel agora sobe uma escadaria que o levará ao céu, ou não existe céu para meninos pretos e pobres?