Ainda em 2014, duas semanas após a eleição que deu um segundo mandato a Dilma Roussef, meia dúzia de gatos pingados estavam na Avenida Paulista, sob a liderança de Lobão, vociferando contra uma suposta fraude eleitoral e pedindo o impeachment da presidente eleita.

Era um domingo, naquela mesma segunda-feira, o senador Aécio Neves pedia ao TSE a auditoria das urnas eletrônicas.
Que fez a mídia?
Deu uma ampla cobertura aos dois gatos.
Como já sabiam, homens como Benjamin e Horkheimer, em sociedades de massa, os Meios de comunicação de massa, a partir das suas escolhas, podem impulsionar ou não determinadas mobilizações que inicialmente tendem a ser atomizadas. 
Nessa lógica, o grau da cobertura midiática parece agir como elemento sancionador do fenômeno.

Rebobinando um pouco mais o filme, esse blogueiro lembra que o maior conglomerado midiático do país, ignorou solenemente a campanha pelas diretas já, quando 2 milhões de pessoas se aglomeravam no Vale do Anhangabaú em São Paulo, numa época em que não existiam ainda as redes sociais e não imaginávamos ainda ser possível viralizar convites pela Internet.
Alguns vão dizer que por não serem manifestações massificadas, não deveriam merecer mesmo um destaque  maior da imprensa.
Mas, como foi dito anteriormente, essa não tem sido a regra pra balizar a prioridade das coberturas jornalísticas.
Passados dois anos, a mídia nacional faz a sua escolha e opta por ignorar as ocupações estudantis que se estendem  a mais de mil escolas e outros tantos IFes e reitorias pelo Brasil afora.
Quem liga as TVs hoje no Brasil, fica com a impressão de que há um consenso em torno das medidas anunciadas pelo governo Temer.
Mas a resistência existe mesmo que alguns insistam em não enxerga-la.
A campanha das Diretas acabou por se tornar uma realidade, apesar de censurada pela cobertura midiática.