Há quem aposte que a salada de todos os sabores da crise brasileira ainda não atingiu o seu ápice. De fato, sempre que se tenta consertar algo errado com soluções irregulares a tendência é que ocorra não apenas uma, mas várias explosões.
A estratégia da retirada de Dilma do poder para colocar o seu vice com o objetivo de agradar setores específicos da economia e, ao mesmo tempo, proteger partidos e políticos das investigações iniciadas pela Lava Jato está dando com os burros n’água.
Relatório do delegado da PF, Filipe Hille Pace, que prendeu Antonio Palocci, conclui o que é sabido faz é tempo: A Odebrecht – não só ela - paga propina para defender seus interesses junto a "qualquer governo de qualquer esfera da administração pública".
Portanto, sem que se tenha conseguido frear os avanços das investigações, a tensão no mundo político continua no ritmo crescente. Há quem aposte que o pico da crise ainda está por vir.
Os sinais são claros por causa da delação da Odebrecht, crise entre Judiciário e Legislativo, cerco a Lula, crise econômica, entre outros pontos. Observadores políticos revelam que já existem discussões sobre o sucessor de Michel Temer, envolvido, junto com seus aliados do PMDB, no recebimento de propinas.
Mas essa solução pra já se daria através da cassação pelo TSE da chapa Dilma-Temer por uso de recursos ilícitos na disputa pela presidência. No entanto, essa decisão ficaria para o início de 2017, com o novo presidente sendo escolhido pelo Congresso Nacional.
O nome do ex-presidente FHC é citado para substituir Temer, mas tem 80 anos e enfrentaria resistência dos partidos de esquerda. Outro especulado é o do ex-ministro do STF, que também foi ministro nos governos Lula e Dilma, Nelson Jobim, porque tem boas relações políticas com o PT, PMDB e PSDB.
Ou seja, teríamos um acordão entre as elites políticas e econômicas para um governo de transição diante da atual crise de proporções catastróficas.
EM TEMPO – Caso a denúncia feita pelo PSDB contra a chapa Dilma Temer seja julgada pelo TSE até dezembro deste ano, se condenada teríamos nova eleição presidencial porque não foram cumpridos dois anos de mandato. Após dois anos de cumprimento do mandato a Constituição determina que o Congresso eleja o sucessor para conclusão do restante do mandato.
Não há nenhuma indicação, nem interesse, de que haverá julgamento pelo TSE até o final deste ano. Como Lula lidera as pesquisas presidenciais e nenhum nome atual ou novo surgiu no cenário com alguma possibilidade, é certo que os parlamentares não vão dar chance alguma para o maior líder político brasileiro do partido que eles apearam do poder.
E o auge da crise ainda nem chegou! Serão muitos os mortos e feridos.