A delação premiada que vem sendo feita pela construtora Odebrecht deve gerar cem novos inquéritos. Ela é considerada um marco pela equipe da Lava Jato porque espalha filhotes pelos estados e municípios.

Foram, entre outras, obras em estádios de futebol, de mobilidade urbana, Minha Casa, Minha Vida. Uma série de obras que serviram para financiar campanhas eleitorais com o envolvimento do andar debaixo da política - casos de governadores e prefeitos diretamente ligados ao andar de cima: partidos, deputados federais e senadores.

Só que os processos sairão do âmbito de competência da força-tarefa de Curitiba. O desmembramento se deu por decisão do ministro Teori Zavascki, do STF, relator da Lava Jato.

Agora, quanto ao caso específico do ex-diretor da construtora, Alexandrino Alencar, os investigadores da Lava Jato já rejeitaram o acordo de delação feito com ele.

Tudo simplesmente porque o ex-diretor negou que a reforma do sítio de Atibaia, em São Paulo, tenha sido uma contrapartida para o ex-presidente Lula por contratos que supostamente beneficiaram a empresa.

Ele também desagradou os procuradores ao afirmar que as palestras feitas por Lula, contratado pela Odebrecht, de fato ocorreram. Para os investigadores, algumas não foram realizadas e ainda suspeitam de que houve superfaturamento.

Alexandrino Alencar também tem versão contrária do que pensam os investigadores sobre uma empresa do sobrinho da primeira esposa do ex-presidente Lula. A Exergia foi subcontratada pela Odebrecht para atuar em Angola. Os empreendimentos receberam recursos do BNDES.

Moral da história: Os investigadores miram e querem mesmo imputar ao ex-presidente a responsabilidade completa e total sobre os casos de corrupção.

É a tal teoria do domínio do fato: Lula tinha que saber de tudo. Se houve corrupção, alguém autorizou e se alguém autorizou, só podia ser o comandante. Ou seja, a delação só interessa se atingir Lula.