Recentemente numa visita ao município de Limoeiro de Anadia, um senhor idoso olhou para o governador Renan Filho (PMDB) e, sorridente, profetizou que ele será presidente do Brasil.

De fato, da atual geração de governadores é o que tem conseguido o maior destaque, conquistado graças a sua administração, habilidade política, capacidade de comunicação e o poder político dos Calheiros.

Em qualquer região de Alagoas que visite o governador já é tratado como um mito. Jovem, bonito, jeitoso, tocando obras, são algumas características que incendeiam o eleitorado e que dão perspectivas de que terá um brilhante futuro.

E depois da morte do ex-governador de Pernambuco, naturalmente Renan vem ocupando o espaço de liderança no Nordeste, deixado por Eduardo Campos. Nem o desgaste político, nem quase uma dezena de processos que atingem o seu pai e líder do clã, o senador Renan Calheiros, conseguem respingar sobre ele.

Governo bem avaliado em seu estado, já respeitado pelos principais caciques da política brasileira e reconhecido na região Nordeste, dão pernas próprias e realmente o credenciam para um salto maior na carreira.

Porém, eis que o governador Renan Filho comete um erro que pode prejudicar o seu futuro. Nesses tempos estranhos e intolerantes que temos presenciado, de operações policiais cinematográficas contra políticos, abraçar certas candidaturas podem contaminar uma imagem sem nenhuma dificuldade.

É o risco, por exemplo, da candidatura do deputado federal Cícero Almeida (PMDB), em Maceió. Muita gente avalia que Renan errou ao puxar como sua a disputa na capital e que deveria ter se posicionado com mais discrição, talvez até como um magistrado.

É que nessa disputa há uma exposição para todo o estado e para o país por ser, claro,  uma capital, ter propaganda eleitoral na Tv e rádio e uso das redes sociais. E nessa campanha o candidato de Renan Filho terá uma exposição negativa.

Almeida enfrenta alguns processos da época em que foi prefeito. Foram problemas na educação, aquisição de alimentos e, no mais rumoroso, terá que depor por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na ação penal 956, mais conhecida como Máfia do Lixo.

“Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), que iniciou as investigações, o ex-prefeito mantinha um esquema entre a prefeitura de Maceió e duas empresas de coleta de lixo da capital, que consistia na assinatura de contratos ilegais e teria desviado R$ 200 milhões dos cofres do município.”

É claro que Almeida poderá vir a ser inocentado futuramente. Mas não o será durante o período eleitoral. Quando for depor, flashes e câmeras vão mostra-lo entrando e saindo do prédio da Justiça Federal de Alagoas.

Até para aliviar esse aspecto negativo, o PMDB tentou convencer a promotora Cecília Carnaúba a ser vice, o que seria uma jogada genial do ponto de vista do marketing eleitoral: Mulher e combativa promotora. Uma excelente vacina para os ataques contra o candidato do governo.

Entretanto, ela não aceitou. Disse-me que tinha uma missão a cumprir dentro do MPE em defesa da melhoria, da qualidade e do alcance da educação. Além do mais, caso aceitasse teria que se aposentar. Talvez no futuro Cecília até atue na política em defesa dos direitos humanos. Mas não há prazo.

Portanto, uma imagem positiva pode ser contaminada por outra negativa. A imagem ruim de um político pode colar no outro.

É assim nessa atividade profissional em que escolhas certas e erradas pavimentam o futuro.

EM TEMPO – VEM POR AÍ DELAÇÃO PREMIADA TÃO TEMIDA QUANTO A DE EDUARDO CUNHA, CASO ESTE DECIDISSE ABRIR O BICO. É A DE MARCELO ODEBRECHT. DIZEM QUE ELE JÁ COMEÇOU A FALAR. FORAM MAIS DE DEZ HORAS DE DEPOIMENTO. O EXECUTIVO TERIA DADO INFORMAÇÕES SOBRE CAIXA DOIS PARA CAMPANHA DE 13 GOVERNADORES, 35 SENADORS E DEZENAS DE PREFEITOS.