O Dr. Bruno Cândido, advogado, ativista e membro da Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos advogados do Brasil, RJ, relata:
"Ontem no Maracanã, Rio de Janeiro, Brasil, uma unidade militar do exército, em treinamento físico, passava correndo e cantando "sou combatente em favela, preparado para a guerra". Essa era o hino, neste processo de disciplinação, na lógica militar.
Como está na moda esse lance de "terror" - para elite, porque para preto e pobre ta no cotidiano - eu lembrei logo da recente Lei 13.260/16, Lei do terrorismo. Mas li pouquíssimo sobre, devido ao tempo curto do período acadêmico.
Enfim, fui ler a lei, e na minha mente só vinha os filmes americanos de ação, aqueles da Tela Quente, isto porque o terrorismo que se pretende proteger, não tem qualquer relação com a realidade do país. E o que a mídia garimpa ou forja para legitimar, esta forçoso demais.
Cheguei no Art. 5 da referida lei, que aduz: " Realizar atos preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de consumar tal delito"
E concordei com as palavras do delegado Rushester Barbosa, no artigo cujo link estará ao final, ele diz " evidenciando uma política criminal de emergência com foco na proteção ao sistema ou seja na função de proteção a atividades tipicamente funcionais do Estado e não à dignidade da pessoa humana."
Diz ainda que a referida lei fortalece o Direito penal do Inimigo e como "instrumento de instabilização social" tudo com o fim de assegurar a “confiança institucional” dos cidadãos...
Nesse sentido, é que me causa muita preocupação, pelo população preta e pobre em situação de vulnerabilidade em relação a esse poder que nega dignidade, desta vez, inclusive, por pressão do G20...
Achar que é só uma música, é ignorar toda história de opressão ao longo da existência do país, em especial a Ditadura, posto que a disciplina militar carrega, ainda hoje, resquícios fortíssimos de práticas violadoras de direito.
Pode discordar de mim, mas explique a pratica da prisão para averiguação! Por meio de agentes de Unidade "pacificadoras" inclusive...
Não se pretende aqui, demonizar militares, jamais! Mas sim questionar a demonização da Favela, dos negros, dos Movimentos sociais, da advocacia e etc...,, a sua categorização como inimigo público da sociedade.
A letalidade das guerras às drogas, em especial jovens negros e favelados, não fala, ensina nada?... não precisamos de leis repressivas, precisamos de reformular nossa psicologia social, injetando alteridade, conhecimento, incentivando autonomia intelectual e financeira à todos os povos e etc...
A xenofobia que devia ser reprimida pela lei do terror, deveria ser aquela, em que humanos, negam igualdade humana, a outros humanos, julgado-os diferentes, estranhos. Isso sim é TERROR!
Volta no tempo, vá em 2010 no Complexo da Alemão, no processo de militarização com ocupação das Forças Armadas, onde a mídia oficial hiperfocalizou a fuga de bandidos e desfocou a morte de pessoas, moradores, prisões de inocentes, prisões para averiguações... (Cadê Amarildo? Não esquecemos da Claudia da Silva e do Funkeiro Douglas...)
Você viu e sentiu uma falsa sensação de impunidade. O que te inclina a apoiar essa política criminal de perseguição dos ditos bandidos, até com derramamento de sangue, o famoso "custe o que custar"
Mas não os mortos. Não viu os mortos. As pessoas mortas.Humanos mortos. Não viu os órfãos...
É o que rola todo dia, e você não vê. Por quê? Como disse o Delegado, este é o "foco na proteção ao sistema, ou seja, na função de proteção a atividades tipicamente funcionais do Estado e não à dignidade da pessoa humana"
Desculpa, mas não era só uma música...
Artigo: http://www.conjur.com.br/…/academia-policia-lei-132602016-a…
Sobre a violência em 2010: https://www.google.com.br/webhp…