A questão dos refugiados no mundo e os desafios éticos

14/07/2016 19:25 - Diálogos e Debate
Por redação

          Com a saída do Reino Unido do Bloco europeu abriu-se uma lacuna ética com relação as consequências da presença de estrangeiros, em especial os provenientes do Oriente Médio, no Velho Continente. Além da própria crise instalada na economia, o debate sobre a permanência e as questões de impregabilidade dos milhares de retirantes acidificarram ainda mais a defesa dos que votaram a favor do Brexit (a saída do Reino Unido do bloco econômico). Acompanhe agora o texto de uma de nossas alunas do projeto paralelo Redação em Debate, Paula Galvão, o qual, resumidamente, aponta diversas questões sobre esse tema tão importante na atualidade.

 

Redação da aluna Paula Galvão

 

          O renomado filósofo Immanuel Kant defende, sob a forma de imperativo categórico, ou seja, dever moral de todos, a tese de que a razão humana deve nortear a definição de leis universais. Para ser considerada moral, a ação tem que ser autônoma e refletir a máxima que o indivíduo quer ver se transformar em princípio universal. Todavia, Kant parece estar cada vez mais ausente da realidade do mundo competitivo e individualista criado, ao longo de séculos, pelo próprio homem. Faz-se mister, então, que o drama dos refugiados seja encarado como responsabilidade de todos, sendo fundamental a sensibilização que reforce a sua prioridade e urgência dentre as questões mundiais a serem solucionadas

          Não haverá harmonia enquanto não houver diálogo, tal como sugere o pensador Jurgen Habermas. Sob a égide de tal filósofo, o diálogo democrático, horizontal, no qual há a exposição de argumentos e o direito ao questionamento fundamentado, é o caminho que conduz ao consenso, sendo este, portanto, resultado de uma conjuntura de respeito, igualdade e liberdade numa socieadade marcada pelo preconceito, pela intolerância e pela discriminação, contudo, não torna possível esse acordo. A responsabilidade está, primordialmente, no diálogo político, sendo necessário um novo modelo de discurso que atinja o valor de ética universal.

          A persistência dos conflitos políticos representará a perpetuação desse trágico cenário, atualmente vivido, segundo dados da ACNUR, por mais de 65 milhões de pessoas. Adultos, jovens e crianças continuarão a protagonizar penosas e indigestas cenas de fuga, almejando encontrar acolhimento em algum lugar que lhes ofereça proteção e possibilidade de sobrevivência. Logo, a sensibilização consiste na ajuda imediata aos refugiados, mas também na imaturação, por parte da sociedade, da postura egoísta e imoral dos Estados envolvidos e na elaboração de políticas duradouras que visem dar condições de acesso a setores como saúde, educação e trabalho, para assegurar não só a vida dessas pessoas, mas a qualidade dela.

          Por conseguinte, é fundamental a cobrança da ONU para que potências mundiais, como EUA, ofertem asilo aos refugiados, com o fito de diminuir o sofrimento destes e dividir a tarefa com os países europeus. Para tal, é essencial uma maior sistematização do processo de acolhimento dos imigrantes, por meio do cadastramento de informações dos indivíduos e da criação de centros em locais estratégicos, como a África, destinados a abrigá-los. É oportuno, ainda, que a ONU sugira aos governos desses países o estabelecimento de cotas destinadas à subisistência daqueles que adentrarem seus territórios, buscando auxílio na condição de refugiados.

 

Nota da Aluna:

 

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