O tropeço do Gigante Europeu - será esse o início do fim do bloco?

03/07/2016 16:59 - Diálogos e Debate
Por Diálogos & Debate

 

          A Europa foi palco de alguns dos mais sangrentos conflitos da história, foi o teatro de operações principal das duas grandes guerras mundiais. Em 1945 era um continente destruído, repleto de nacionalidades amorfas que buscavam o resgate da sua autoestima em meio as ruinas físicas e psicológicas do nazifascismo. Sob esse cenário apocalíptico jaziam 6 milhões de judeus e 20 milhões de russos, dentre outras etnias dizimadas

          Foi nesse contexto que teve inicio de forma embrionária a ideia de uma união entre os estados europeus como forma de integração e pressuposto para a superação de conflitos históricos.

          A ideia da unificação, naturalmente, encontrava obstáculos nas identidades culturais solidamente construídas em tempos imemoriais e em nacionalismos extremados que sobreviveram ao debacle da Segunda Guerra e se fortalecem no contexto de crises econômicas.

          A utopia de uma grande nação europeia capaz de se contrapor a liderança norte-americana e soviética no contexto da Guerra Fria, devolvendo ao velho continente um papel de destaque na geopolítica internacional, se enfraqueceu profundamente a medida que o bloco foi se tornando cada vez mais um instrumento de espoliação da Alemanha sobre os outros países membros.

          Ditando a política da austeridade fiscal, os alemães passaram a se sentir cada vez mais alemães e bem menos europeus e passaram a se enxergar como a locomotiva sobre a qual pesava dezenas de vagões vazios.

          O reforço do nacionalismo germânico por sua vez, acabou por reforçar nacionalismos periféricos que recrudesceram com a crise dos refugiados árabes e o temor produzido pelas mais recentes ações terroristas.

          O fracasso da União Europeia reflete de certa forma o fracasso dos projetos de austeridade fiscal ecoados pelo eixo Berlim-Bruxelas, ao tempo que aponta para o triunfo de projetos chauvinistas marcados pela intolerância e pela xenofobia.

          Hoje, definitivamente, não é um bom dia para aqueles que alimentam esperanças por um mundo mais justo tolerante e democrático. Festejam os Trumps, Bolsonaros e Le Pens. A saída do Reino Unido da U.E. é um retrocesso civilizatório que exige de nós, progressistas, uma reflexão importante.

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